segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Expectativas para o mandato






O Bloco de Esquerda espera que o próximo mandato traga uma maior relação de proximidade e participação entre os eleitos e a população. A Câmara, a Assembleia Municipal, as Juntas e Assembleias de Freguesia não podem continuar a funcionar num registo tão distante das pessoas e dos seus problemas concretos. A participação dos cidadãos nas várias sessões dos órgãos autárquicos é muito reduzida ou mesmo nula.

Em consonância constatamos a crescente e elevadíssima taxa de abstenção registada no último acto eleitoral reflectindo uma indiferença pela gestão do Concelho de cerca de metade dos eleitores. Esta realidade não pode deixar de inquietar todas as forças políticas e os seus eleitos.

Centrar as políticas e a actividade dos diferentes órgãos nas necessidades das pessoas constitui o grande desafio que se coloca a todos os órgãos autárquicos.
Nesse sentido apoiar com medidas concretas as pessoas em situação de maior vulnerabilidade por razões económicas, sociais ou deficiência não pode deixar de estar na primeira linha da actuação política.

A nossa intervenção política far-se-á no sentido da criação de contextos para a participação e co-responsabilização dos cidadãos, em todos os domínios relevantes, como é o caso da revisão do PDM.

Temos como adquirido que sem a criação de oportunidades de participação efectiva com acesso a informação permanentemente disponível, actualizada e inteligível, o desenvolvimento local sustentado não passará de uma miragem.

Humberto Candeias

Sobre as eleições







1 - Legislativas
Os resultados destas eleições podem resumir-se em alguns aspectos fundamentais: cumpriu-se uma prioridade para o país, romper com a maioria absoluta do PS de Sócrates, ou seja romper com as políticas de direita de um partido que não soube respeitar o nome por que se designa e defraudou grande parte dos seus votantes habituais.

Simultaneamente, viu-se crescer uma nova esquerda em Portugal, uma esquerda que enfrenta, com coragem e determinação, as políticas da direita, lutando por uma sociedade de mais justiça social.

É o caso do Bloco de Esquerda que consegue uma votação de mais de meio milhão de votos e duplica o número de deputados, na Assembleia da República.

O eleitorado português de esquerda manifestou, nestas eleições, a sua maturidade democrática; o povo português votou no seu futuro, votando à esquerda.

2- Autárquicas
No rescaldo das eleições autárquicas de 11 de Outubro de 2009, é notório que o Barreiro deu uma vitória clara à CDU, a força política de maior tradição autárquica, nesta cidade. O BE saúda, por isso, Carlos Humberto por esta vitória tão expressiva.

Simultaneamente, o PS baixa fortemente o seu eleitorado e não consegue voltar a página, no sentido de retomar um mandato que foi de apenas quatro anos, na Câmara Municipal. O BE saúda os vereadores eleitos pelo PS, em particular os eleitos pela primeira vez.

O PSD, apesar da perda significativa de votantes, mantém, em geral, a representação obtida, anteriormente, nos diversos órgãos autárquicos. O Bloco de Esquerda saúda o futuro Vereador Nuno Banza, eleito pela primeira vez para a Câmara Municipal.

Entretanto, não deixa de ser preocupante que o CDS/PP continue, nas autárquicas, como já acontecera nas legislativas, a aumentar o número de votos, numa cidade assumidamente de esquerda.

O Bloco de Esquerda assume claramente não ter atingido os objectivos a que se propusera, nestas eleições: eleger um Vereador, reforçar o número de mandatos na Assembleia Municipal e Assembleias de Freguesia, ainda que o seu resultado traduza uma importante consolidação, em geral, dos resultados obtidos nas eleições autárquicas anteriores.

A reeleição do BE, para os diferentes órgãos autárquicos, evidencia, a par do seu envolvimento na vida social, cultural e política da cidade, a persistência de uma nova força partidária, entre todas as outras, no Barreiro.

Sendo um partido com uma vida muito curta a nível do poder autárquico, considera, ainda assim, ter a capacidade necessária à construção de uma cidade mais justa, próspera e participada..

Rosário Vaz – BE
Eleita para a Assembleia Municipal

Barreiro, Outubro de 2009

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O Fórum




Os centros comerciais crescem em Portugal como cogumelos. Em 2008 batemos o recorde europeu no crescimento deste tipo de empreendimentos. Temos ainda o recorde da maior superfície da Europa na área da grande Lisboa. Curiosamente esta situação acontece num país em que há pouco tempo atrás detinha, na Europa, a maior taxa de ocupação/m2 pelo pequeno comércio. Trata-se de uma matriz socioeconómica em alteração. No Barreiro essa alteração já se tinha iniciado, agravou-se com a abertura do Fórum e vai piorar com a abertura das novas superfícies comerciais previstas para o Concelho. A abertura de alguns estabelecimentos na proximidade do Fórum não é suficiente para compensar os que fecharam e as perdas de outros. O definhamento do comércio tradicional na cidade tem custos elevadíssimos sob o ponto de vista económico, social, na qualidade de vida no espaço público, na conservação do património e na segurança. Falta uma política pública que estimule o comércio tradicional de modo contrariar a desertificação e empobrecimento do espaço público. A decisão de reabilitar o Mercado 1º de Maio foi um passo positivo nesse sentido, mas carece de um enquadramento numa política de promoção do comércio tradicional. A par dos comerciantes e das suas Associações, o Governo e as Câmaras Municipais devem investir na dinamização do comércio, pela inovação e criatividade, favorecendo a personalização, qualidade e diferenciação. Um bom exemplo dessa criatividade, são as iniciativas do Mercado Biológico e Mercado das Velharias promovidas pelos Amigos do Barreiro Velho.

Humberto Candeias

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

As escolhas da CDU




Vêm alguns dos meus amigos e companheiros de partido mostrando alguma irritação pela preferência demonstrada pela CDU, na composição de juntas de freguesia, em relação ao PSD. Os comentários feitos por putativos apoiantes dessa força política são, regra geral, de uma acrimónia que junta gasolina à fogueira. Pelo lado dos meus crê-se que se está perante uma ligação contra-natura – seja lá isso o que for – pelo facto de não ser concebível a coligação de políticas de esquerda com as vontades sociais dos eleitos pela direita. Apertados por esta lógica de difícil refutação os apoiantes da coligação vencedora partem para agressões verbais desnecessárias.

Sumariado o evento tentemos uma abordagem mais serena da questão.

Já foi mil vezes repetidos e se-lo-á até à exaustão terem as eleições autárquicas um cariz diferente de quaisquer outras. E bem que eu pense que todas as eleições são distintas umas das outras, dependendo quer do órgão a ser eleito, quer da especial conjuntura em que ocorrem ou ocorrerão, aceitemos pelo seu valor facial, para facilidade de exposição, este enunciado. A principal característica diferenciadora destas eleições seria a da extrema personalização dos candidatos. Efectivamente, a prática tem demonstrado que existe forte mutabilidade na vontade dos eleitores, os quais, tantas vezes, nestas circunstâncias, trocam o voto ideológico pelo voto afectivo.

Aceite este princípio salta aos olhos que a inelutável vencedora destas autárquicas, no Concelho do Barreiro, foi a CDU. Não só a população lhe outorgou claramente a vitória, como lhe concedeu a maioria absoluta na Câmara, e lhe proporcionou maiorias confortáveis ou absolutas em muitos outros órgãos autárquicos. Ninguém, de boa-fé, poderá pôr em causa o claro sentido do voto da população. O corolário desta situação é que, descendo genericamente a votação em todos os restantes partidos e, consolidando-se ou subindo na CDU, esta está armada de uma legitimidade intransponível.

Ultrapassando a posição pessoal de esperar que um dia a maioria sociológica de esquerda se transforme em política, bem como de considerar como perigosa qualquer maioria absoluta, de qualquer partido, em qualquer órgão de soberania, resta-me aceitar, a contra gosto que seja, que os eleitores deste concelho, declararam sem rebuços, o apoio às políticas seguidas e propostas pela autarquia.

Dessa política fazia parte a repartição de Pelouros com o Vereador, Bruno Vitorino, eleito pelo PSD e com o Vereador João Soares, PS, que aceitou o cargo à revelia da posição assumida pelo seu partido. Pelo discurso do Presidente Carlos Humberto, na tomada de posse, presume-se que nesta Câmara se irão manter os pressupostos anteriores. Ressalte-se que tendo obtido a maioria absoluta poderia a CDU fechar a vereação nos eleitos pela sua coligação e, não o fazendo, deve salientar-se a abertura democrática desta acção do Presidente Carlos Humberto.

Não havendo novidades nesta área, até porque ao BE não foi possível eleger um vereador, fica a situação das “perigosas ligações” nas freguesias.

Este ponto de vista parece-me enfermar de uma falta de lógica de continuidade. Se a Câmara disponibilizou um lugar, é certo que exigindo solidariedade institucional, ao eleito do PSD, porque é que não o poderia fazer nas Juntas de Freguesia? Parece-me óbvio que nenhum impedimento sério se pode colocar quanto à justeza desta posição. Os eleitos de qualquer partidos são, quanto a mim, pessoas estimáveis, com as quais convivemos no dia-a-dia e que, tal como nós procuram, dentro da sua perspectiva, o bem destas populações. Poderão objectar que, a nível da Assembleia da República o panorama será bem distinto. É bem verdade que aí, iremos ver, por coincidência de propostas, muitas vezes o Bloco a votar com a CDU e contra o PSD. Só que, tendo isto em vista, não é lícito aos meus camaradas derivarem estes comportamentos a nível nacional, como espelhamento de escolhas ao nível local. O Barreiro, por razões certamente históricas, tem a peculiaridade, várias vezes demonstrada, de as estruturas locais mostrarem uma independência notória em relação às directivas nacionais dos partidos. Veja-se, como exemplo, as posições sobre a Terceira Travessia do Tejo. É bastante ilustrativa e penso não ser necessário trazer mais factos à colação.

Assim sendo, dada a personalização do voto e a desiologização do mesmo, quem é escolhido para o órgão autárquico será, eventualmente, mais a pessoa que o membro do partido. São estes dois elementos que podem explicar as escolhas da CDU. Dever-se-á acrescentar mais um elemento, este sim partidário, que é o do PSD, pelas suas características, não ameaçar o terreno político da CDU e do Bloco, pelo mesmo motivo, pescar nas mesmas águas o que introduz um elemento agonístico na equação. É portanto aceitável que as escolhas havidas só possam ter sido as que foram.

Como não se faz um casamento sem a livre vontade dos nubentes, não deverão os meus camaradas de partido ficar enfadados por terem sido preteridos nas escolhas. É compreensível, pelos factos aduzidos que o tenham sido. Até me parece que tal exclusão é laudatória e deverá motivar a continuidade dos nossos esforços apresentando à população a bondade das nossas acções e programas. Se o soubermos fazer, e relembro que uma eleição se começa a ganhar no primeiro dia do novo mandato e não na campanha eleitoral, os resultados virão naturalmente. Os nossos pontos de vista são, necessariamente, diferentes dos da CDU. Não deveremos pois esperar benesses e facilidades por parte desta coligação, independentemente da qualidade das relações pessoais, devendo sim, demonstrar com clareza as nossas propostas e, como oposição legítima, apresentar, caso a caso, em que se diferenciam e se tornam mais positivas para a população, as propostas e acções que empreenderemos em todos os órgãos em que estamos representados.

O poder autárquico foi estruturado, nos inícios de Abril, com os partidos então colocados nos órgãos de poder. Não será fácil agilizar esta estrutura muito solidificada mas é possível e é esse o trabalho que nos espera. Menos agastamento com escolhas que não nos pertencem e mãos à obra, Camaradas.


Carlos Alberto Correia

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

In illo tempore, Saramago






Nota-se, por vezes, que na voz restante da Igreja, reside uma saudade imensa da força que teve o poder excomungante que lhe permitia calar todas as vozes insubmissas ao seu dizer “paternal”. Mais ainda, fica realmente perturbada quando o que é dito, vem de alguém cujo brado possa ser escutada e a confronte, racionalmente, com a irracionalidade do produto que coloca no mercado. Um mercado, diga-se, onde a concorrência é cada vez maior e o peso burocrático da sua máquina a impede de agir com a agilidade necessária à conquista das almas transviadas por outras seduções religiosas ou profanas. Defende-se, portanto, com a outra face da burocracia: o peso da Instituição. Entende, por isso, que quem lhe não veste o dogma, deve-se calar. O contrário será, como afirmaram várias fontes da Igreja perante este caso, ser pouco sério e ignorante.

O Vaticano, que desde o Evangelho Segundo Jesus Cristo, traz um saramago atravessado na garganta, agravado pelas declarações feitas em Roma, há poucos dias, nas quais o escritor apodava de cínico o Cardeal Ratzinger - actual Papa Bento XVI e anterior Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé - veio, prontamente afirmar que não daria nenhuma importância ao caso conferindo-lhe, de imediato, toda a importância que pretenderia negar-lhe.

As afirmações desempoeiradas de Saramago, sobre a Bíblia, no lançamento do seu novo livro Caim, fizeram soltar na praça a ira persecutória do porta-voz da Conferência episcopal, Manuel Morujão, a arrogância de um ou outro teólogo de maior ou menor nomeada, bem como uma revoada de gente bem pensante cujo confessado desejo seria o de eliminar a fonte de tal perturbação.

Tentando discorrer com alguma serenidade no meio de tanta comoção apraz-me perguntar o que é a Bíblia? Escrito fundamental para a fundação da nossa matriz cultural, não duvido. Palavra de Deus oferecida aos mortais para seu esclarecimento e guia de vida? Vão falar com outros meninos!

As narrativas bíblicas são recolhas de mitos existentes em tradições orais e escritas de várias religiões e regiões do médio oriente, escolhidas e modificadas, de acordo com interesses e actualizações vários, ao longo dos tempos. É um edifício simbólico, não um manual de conhecimentos como os fundamentalistas querem fazer crer. Se não devemos julgar os actos descritos com os olhos morais deste tempo, também não podemos, sem prejuízo de soltar todas as crendices derrotadas pelo conhecimento, aceitar acriticamente o relato bíblico. Deverá ser encarado como um reconto de um dado momento da humanidade, com as suas grandezas e misérias, ajustado às necessidades de unificar um povo – os Hebreus – desunidos por nomadizações e guerras contínuas. A dureza e crueldade existentes no Deus bíblico é a imagem das forças necessárias para a unificação de Israel e para a derrota dos seus inimigos locais. Fazer disto o padrão moral para a nossa época é, no mínimo, risível. Mesmo há dois mil anos, o padrão já estava de tal modo ultrapassado que Cristo teve de subverter o paradigma bíblico para provocar uma mudança cultural. Transformou o terrível deus da ira em deus do amor, não conseguindo, no entanto, ultrapassar todas as contradições que essa revisão provocou. O resultado foi a ortodoxia religiosa usar o seu poder para exigir e causar a sua morte.

A Igreja, como detentora da”verdade única”, tem uma génese autocrática de que não se consegue desligar. Democracia é um conceito estranho para um corpo de sacerdotes profissionais para quem o máximo bem está no fortalecimento da sua corporação e na manutenção da diferenciação hierárquica. Que o façam em nome de um deus ou de uma qualquer outra força é irrelevante. Por isso vamos encontrar as religiões dominante sempre do lado dos poderosos e utilizadas como forças de subjugação terrena sob promessas de um bem maior a ser outorgado num qualquer paraíso posterior. São estas as ocorrências que levam a um confronto rude sempre que o progresso tenta dar um passo que seja. Por isso as igrejas são, por norma, científica e socialmente reaccionárias. O terreno que a ciência ganha perde-o sempre a crença obscurantista, para grande incomodidade dos que com esta aproveitam.

Que os próceres da Igreja tenham vindo bramar sem rebuços contra as imprecações anti-blíblicas de um ateu confessado admira-me muito quando, por estes dias, várias igrejas católicas, na América, declaram falência, num movimento sem precedentes e desgostante, com o fito de evitar pagar as indemnizações devidas, por condenação em tribunal dos seus agentes, por actos de pedofilia praticados no decorrer e com a força do seu múnus apostólico.

Senhores Cardeais, senhores Bispos, senhores Padres, para onde se escapuliu, nestes casos, a vossa indignada voz? Por favor, deixem de pretender dar lições de moral ao mundo e tratem de limpar o que de podre vai no vosso reino. Lembrai-vos que o Mestre, que dizeis seguir, afirmava ser mais fácil reparar no argueiro que entrou no olho do vizinho que aperceberem-se da trave que vos habita o olhar.


Carlos Alberto Correia

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O Bloco, segundo Bruno Vitorino




Confessando a minha simpatia pelas pessoas do Vereador Bruno Vitorino e do candidato à Câmara Municipal Nuno Banza e, a título meramente pessoal, não posso deixar de tecer breves comentários às afirmações produzidas pelo primeiro, dadas à luz na edição “on-line” do Rostos de 30 de Setembro, a propósito, ou a despropósito, do Bloco de Esquerda.

Aponta Bruno Vitorino as suas baterias dizendo não ter o Bloco de Esquerda feito o trabalho de casa e de não ter ideias para o Barreiro. Como a notícia não esclarece mais não sei a que trabalhos, que devessem ter sido feitos e não o foram, se refere o Vereador. Se, no entanto se quiser esclarecer basta dar-se ao trabalho de “folhear “ o Rostos e depressa de aperceberá das intervenções do Bloco nos órgão políticos onde tem representação e na sociedade em geral, durante todo o tempo e não apenas em períodos eleitorais, feitas no e sobre o Barreiro. Espero que reflicta e não queira entrar naquela categoria do “pior cego é o que não quer ver”.

A afirmação de não ter o Bloco ideias para o Barreiro é arrogante e simplista. Arrogante porque pressupõe o princípio erróneo de que a inteligência e esclarecimento são património exclusivo de um homem ou de um partido; simplista porquanto parte da noção de o que não vê ou não sabe é pura inexistência. Esta é uma posição muito restrita e paroquial que é perigosa para quem se propõe ao governo dos homens.

Por outro lado, como afirma o candidato Nuno Banza, não será muito curial que os simpatizantes do Bloco venham a votar PSD, ou vice-versa. Se o amor à democracia nos une, muita coisa sobre a forma de a pôr em prática nos separa. Por isso, por aí, não virá grande perigo para qualquer dos partidos. Então porquê esta incomodidade que o Bloco de Esquerda parece suscitar em Bruno Vitorino que o leva a querer evidenciar, estraçalhando a realidade, miríficas incapacidades do Bloco?

Só uma resposta me parece plausível. No Concelho do Barreiro o Bloco teve uma votação superior à obtida pelo PSD. O receio sustentado de que, a manter-se este resultado, perca o PSD o seu vereador a favor do Bloco é a real substância de tais afirmações. Não duvido que o temor seja legítimo mas, para bem de todos, devemos dignificar a política não recorrendo a este tipo de argumentos infundados, desprestigiantes para quem os utiliza. Façamos, isso sim, uma política informada, baseada no desejo das melhores soluções para a Cidade, consultando com boa-fé as propostas dos adversários e a bondade dos seus programas, criticando as verdadeiras ineficácias ou as reais actividades que desmereçam o proposto.

Se o não conhecer terei todo o gosto em enviar-lhe o programa autárquico do Bloco de Esquerda do Barreiro, para que consigo não se passe o que se passou com a sua líder nacional a qual, por semelhante arrogância, também não reconhecia nos outros a existência de programas e ideias capazes de pensar e renovar o país.

Veja o resultado que deu!


Carlos Alberto Correia

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Dose dupla acaba com maioria absoluta!




O resultado das eleições legislativas tem motivos para que os militantes do Bloco de Esquerda possam sorrir! O facto de duplicar o número de deputados traz uma força anímica para nos embalar para as autárquicas com outra pujança.

O facto de passarmos a representar mais Distritos do País também nos traz mais responsabilidades e para elas estamos preparados, porque sabemos que as pessoas anseiam por mais justiça social e de quem apresente as suas reivindicações no Parlamento.

Mas, aquilo que se pretendia era que terminasse a maioria absoluta, e esta morreu, ainda bem! Mas não é tempo de guardar as bandeiras e baixar o tom de voz, porque os próximos quinze dias necessitam de mais esforço e nem há tempo para recarregar as baterias.

Vamos mostrar que queremos também estar presentes em mais Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia para mudar o sentido das políticas que se fazem por este país a nível autárquico.

Assim, está na hora! Está na hora da mudança e queremos que aqueles que acreditaram no Bloco tenham também motivos para sorrir quando sentirem que os Deputados eleitos tudo farão para que cada voto que nos deram tenham efeitos na mudança das políticas de direita que este Governo seguiu.

O PS está por “arames” e sentiu isso com a sua campanha eleitoral, como também o sentiu quando discursou ao País a festejar uma vitória eleitoral quando perdeu a maioria absoluta. Se havia grandes motivos para festejar, não eram estes certamente! Mas, no seu discurso não se esqueceu de referir o Francisco Louçã! Estará preocupado? Pareceu-me que sim, porque não referiu nada sobre o PSD, o qual, penso, eu seria o seu adversário directo. Podemos considerar que afinal o seu adversário político directo era o Francisco Louçã e o Bloco de Esquerda, ainda bem porque assim venceu o Bloco que lhe retirou a maioria absoluta!

Esquerda ou maioria absoluta? Pois, parece que deu esquerda!


Daniel Bernardino

Primeiro os parabéns…




Para quem viveu em tempos de direito de voto condicionado, nulo ou perverso, o decorrer normal de qualquer eleição, tenha os resultados que tiver, é, só por si, motivo de festa interior. Por mais umas eleições livres está de parabéns o País. Também deverá ser felicitado por, na sua escolha, ter introduzido mais um elemento de democracia na Democracia. Trata-se da supressão da maioria absoluta e do regresso do poder ao Parlamento, local primordial, por natureza, do querer democrático.

Como venho defendendo, a maioria absoluta é uma subversão do sistema preparado para relativizar o poder e mantê-lo dentro dos limites da sua representatividade. A dispersão do voto por mais partidos torna a representação mais real embora exija, de quem quer governar, a procura incessante de consensos. É mais difícil, é mais trabalhoso, mas é mais equânime.

Continuando as congratulações dirijo-as seguidamente ao PS, vencedor aritmético do prélio e seguramente mandatado para a formação do novo governo; ao CDS-PP, com um amargo de boca da minha parte, porque obteve uma clara vitória conseguindo todos os objectivos a que se propôs, ficando em posição excelente para condicionar, para as suas propostas, a acção do futuro governo; ao Bloco de Esquerda pelo crescimento exponencial da sua votação, número de deputados e consolidação no terreno e ao PC porque, apesar de perder o lugar no “ranking”, conseguiu aumentar o número de votantes e, em Setúbal, averbou mais um deputado.

depois os cuidados!

O quadro saído destas eleições é complexo e pode vir a tornar-se preocupante. Advém-lhe a complexidade das diversas geometrias de poder que se poderão constituir. Assim, não entrando em linha de conta com os votos da emigração ainda por atribuir, o somatório de deputados do PSD e do PP, ultrapassam em dois lugares os votos do PS, podendo perspectivar-se com escolha governativa. Não crendo que o Presidente, por fragilizado, se atrevesse a tal feito, ele é, constitucionalmente possível. Ao Presidente cabe indicar o Primeiro Ministro tendo em conta os resultados eleitorais. O conjunto da direita é, em relação ao PS, maioritário. Outra maioria possível é facultada com um acordo PS/CDS. Só que aqui, a facilidade governativa, tenderia a incendiar os conflitos internos no PS. E Sócrates, para ganhar, viu-se obrigado a compromissos com a ala esquerda do seu partido, esgrimida, em desespero de causa, na recta final da campanha, tendo como endereço os possíveis votantes no bloco de esquerda. A maioria PS/PSD, a presumivelmente mais estável em termos de governação, está impossibilitada pela previsível contenda interna no segundo partido e pela necessidade do seu novo líder ter de ganhar espaço opondo-se às políticas governamentais. A maioria de esquerda, apenas existente aritmeticamente, é inviável no quadro de uma política que, embora de modo mais “soft”, se inscreverá no conjunto de soluções anteriormente apresentadas pelo Governo Sócrates.

Então, perguntar-se-á, não ganhamos nada, ficou tudo na mesma?

A resposta é um rotundo não! O quadro político foi substancialmente alterado. Mudaram, na direita, as dinâmicas interpartidárias; nas esquerdas voltou, apesar de tudo, a reforçar-se a maioria sociológica que , paulatinamente, se tem vindo a afirmar; e o primeiro ministro a empossar, quer queira, quer não queira, terá de contar com ela, não só para apoiar algumas medidas de esquerda, como para manter a paz no seu partido.

E o Presidente da República?

Teria, provavelmente agora, o seu momento de maior poder e glória mas, depois do incidente cretino das escutas – e antes de ele vir explicar-se ao Povo – creio bem que pode iniciar-se aqui a sua caminhada para a não reeleição.

Carlos Alberto Correia

terça-feira, 22 de setembro de 2009

A Sétima Vaga




Uma velha lenda do sudeste asiático, terras bem conhecedoras de violentos maremotos, conta-nos que a Natureza, em virtude dos maus tratos que os homens lhe dão, por vezes se zanga com a humanidade. Nessa altura as águas do mar invadem a terra e a sétima vaga destrói todos os vestígios humanos em terra. Ao cataclismo, mito paralelo ao dilúvio ocidental só que com repetições periódicas, segue-se a regeneração da humanidade, a partir de uns quantos sobreviventes escolhidos. Este ciclo continuará enquanto as sociedades não chegarem à plena harmonia com o todo e forem cometendo erros contra a Natureza.

Recordo-me de, há também muitos anos, ter visto um documentário sobre um colónia de insectos que viviam em folhas de nenúfares flutuando num lago. A ausência de predadores e a organização social dos bichos permitiram que se tornassem espécie dominante e com grande sucesso demográfico. Com tanto êxito que, o excesso de população e consumo, fez afundar as folhas de nenúfar destruindo, por afogamento, toda a população.

Assim como se fora uma Atlântida dos insectos.

Estes dois exemplos servem para introduzir a questão que tenho vindo a colocar-me com frequência e que, sendo de fácil resolução em termos racionais, é praticamente impossível de pôr em prática por causa de direitos, desejos e emoções. É tal magna pendência a de saber se o modelo de crescimento contínuo em que vivemos poderá manter-se indefinidamente e para todo o género humano. Ressalta perfeitamente, a qualquer ser pensante, que não é possível tirar proveitos infinitos de coisa finita. Só se podem retirar objectos de um saco enquanto ele não estiver vazio. No entanto, em relação às possibilidades do Globo, é deste modo que procedemos. Agimos como se os bens fossem inesgotáveis e fosse possível manter o crescimento das produções ininterrupto e por todo o sempre. Mas o que acontecerá se defendermos que as nações, nestes actos, estão a depredar o nosso habitáculo – o planeta – e que melhor seria diminuir os nossos consumos de molde a fazer-se uma distribuição equitativa e racionalizada por toda a humanidade?


Bem, isto seria o cabo dos trabalhos!


Veja-se como toda a gente já percebeu que a continuidade do modelo de vida e consumo ocidentais – a expandir-se para todos os lados – vai conduzindo, pelo aquecimento global, à situação em que, como no mito citado, a Natureza lança a sua sétima vaga de absoluta limpeza. Que fazem as nações? Conversam, combinam e nada cumprem, agravando cada vez mais o problema, porque ninguém quer ceder um pouco do seu bem-estar e da ambição de incessante aumento do mesmo, de molde a abrandar o esgotamento e deterioração do ambiente e dos recursos naturais.


E têm, aparentemente, razão.


Porque é que eu hei-de ceder algo das minhas facilidades a favor de outros que nem conheço ou de um tempo em que já não estarei no mundo? Por outras palavras, porque hão-de os brasileiros deixar de melhorar a sua economia, devastando o pulmão do mundo – a Amazónia – para favorecer o nosso tipo de vida a que tão poucos deles têm acesso? Ou os chineses continuarem em pobreza endémica para não acrescentar mais poluição à gerada pelos países industrializados? E que partido, no Ocidente, de direita ou de esquerda, ousaria incluir no seu programa medidas de decréscimo de bens ou diminuição de protecção social sem ver desertar eleitores?

Pois é. Os geólogos bem nos avisam contra as várias extinções em massa ocorridas no nosso planeta. Se é verdade que tais factos se devem a causas exteriores como as radiações gama - provenientes de supernovas -, ou impacto de meteoritos; ou internas tais os vulcões, a divisão de massas continentais ou mudanças climáticas, a verdade é que agora, mercê da acção da humanidade, já se antevêem alterações ambientais que poderão vir a acrescentar mais um estrato geológico para o estudo de espécies malogradas.

Dir-me-ão os senhores a que propósito virá este arrazoado cataclísmico quando parto do princípio que falar de tais coisas é como pregar no deserto e que nunca, por nunca ser, deixaremos o produtivismo continuado e o trocaremos por um decréscimo de consumo mais compaginável com as possibilidades da Terra? A minha resposta, acompanhada por um sorriso cínico de impotência, será a de obter assim a única satisfação permitida a Cassandra. É a de olhar do alto o indígena atónito e pespegar-lhe um sonoro:

-Eu bem te avisei, não foi?...


Um pouco antes de, imparável, a sétima vaga fazer ruir todo o orgulho humano.




Carlos Alberto Correia

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Se este BE incomoda muita gente, mais deputados incomodarão muito mais!





A Democracia representativa deverá funcionar assim, sempre, não é novidade o BE andar na rua a lutar pelas pessoas, foi com a marcha contra o desemprego, foi com a marcha contra a precariedade e outras iniciativas que se estabeleceram muitas ligações, com os cidadãos, que surtiram efeitos e fazem com que cada vez mais existam pessoas a seguir as suas ideias, porque encontram alternativas diferentes, melhores daquelas a que têm sido habituadas ao longo dos anos.

O Bloco de Esquerda está a incomodar o Partido Socialista, viu-se no debate televisivo entre Francisco Louçã e José Sócrates, e vê-se, também, nos dias que correm nesta campanha eleitoral. Para um partido que festejou recentemente uma década de existência isto dá que falar, e deixa sinais claros que o PS tem outro adversário directo, ao que não estava habituado e está a deixar o seu líder , e não só, bastante incomodado.

O Bloco apresentou um programa que é de uma enorme abrangência, de várias temáticas que incomodam (que o diga o secretário geral do PS) mas que tem um fio condutor para a sociedade Portuguesa, a qual deverá ler para estar esclarecida. Muitas pessoas têm revelado interesse pelo programa descarregando-o na internet, já são mais de 200.000 downloads mas é necessário que sejam muitas mais, para que exista uma visão maior, de todos, daquilo que pretende o BE.

O facto de o BE estar a fazer uma campanha de grande proximidade com os cidadãos, está a revelar-se muito satisfatório, e obviamente, as pessoas sentem que o partido está a ir junto delas, confrontando-as com as suas ideias, criando debates e procurando saber o que mais as preocupa.

A Democracia representativa deverá funcionar assim, sempre, não é novidade o BE andar na rua a lutar pelas pessoas, foi com a marcha contra o desemprego, foi com a marcha contra a precariedade e outras iniciativas que se estabeleceram muitas ligações, com os cidadãos, que surtiram efeitos e fazem com que cada vez mais existam pessoas a seguir as suas ideias, porque encontram alternativas diferentes, melhores daquelas a que têm sido habituadas ao longo dos anos. É isto que se pretende dos agentes políticos, ir ao encontro das pessoas, não apenas nas campanhas eleitorais, porque a vida de uma máquina partidária vaia além das campanhas, é isso que também distingue o BE dos outros partidos.

Mas, é natural que existam aqueles que querem colocar "pedras na engrenagem" desta campanha e tentam por todos os meios desestabilizar, o que se compreende pois um "menino de dez anos" que já sabe o que quer deixa muitos a pensar! Só que, o comboio está em andamento e aqueles que ainda não decidiram o seu voto têm oportunidade de apanhar este comboio, sentar-se comodamente a ler o programa do Bloco de Esquerda e votar nesta alternativa dando oportunidade de mostrar as diferenças. Porque só quem pode mostrar que é diferente são os que nunca tiveram a oportunidade de o poder mostrar, pois quanto aos restantes já tiveram a sua oportunidade e será mais do mesmo!

No próximo dia 27 muitos terão oportunidade de poder dar o seu voto de confiança a quem também nas pessoas confia e com elas conta para fazer o seu trabalho.



Daniel Bernardino

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

UMA POLITICA DESPORTIVA PARA O BARREIRO




É voz corrente dizer que o Barreiro tem um grande movimento associativo. Se no que em número de colectividades é verdade, em actividade desportiva já é discutível.
A projecção de um concelho no panorama desportivo nacional e internacional é, e será sempre medida pela quantidade e qualidade dos títulos obtidos pelas modalidade praticadas pelos Clubes.
Uma politica desportiva concelhia deverá ter duas vertentes, a interna e a externa sendo que quanto melhores resultados tiver a actividade desportiva interna, melhor se terá na externa.
A política desportiva interna deverá passar pelo apoio à actividade dos clubes, mas nunca baseada na subsídiodependência.
Este apoio deverá assentar na realização de contratos programa no apoio á formação, e no apoio á realização de competições entre os Clubes.
A aprovação do regulamento de apoio ao movimento associativo foi um passo positivo.
Os intervenientes no MA não devem é deixar o documento como está, pois que como tive oportunidade de referir na reunião de discussão realizada no Lavradio, o desafio seguinte é por a máquina a funcionar, detectar dificuldades e como as ultrapassar no sentido de melhorar o documento e a transparência que se quer para a sua aplicação.
É necessário a apresentação por parte da autarquia de um relatório sobre a aplicação do regulamento em causa e bem assim de uma reunião com o MA para análise do mesmo.
A politica desportiva externa deverá passar pelo apoio aos Clubes que nos campeonatos das Federações Nacionais e Internacionais conquistem lugares de podium.
Deverão ser definidas quais as modalidades desportivas a serem tidas em consideração.
Será disponibilizada para cada época uma determinada verba e definidas as percentagens a atribuir a cada lugar de podium consoante se trate de campeonato nacional ou internacional.
Esta seria uma maneira de premiar o esforço dos clubes e reconhecer aqueles que no desporto projectam o nome da cidade no país e no estrangeiro.
A politica externa do município do Barreiro, deverá igualmente passar pela realização de eventos desportivos, regulares ou não, que projectem o nome da cidade no país e no estrangeiro.

Manuel Sabino
BE Barreiro

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Educação mais cara!




Os manuais escolares serão mais caros este ano! Novidade? Não. Negócio apetecível? Sim.

Numa época em que as famílias vivem o desemprego crescente (mais de 500 mil desempregados), a falta de subsídios de desemprego por existirem mais famílias sem acesso a esta protecção social (cerca de 200 mil pessoas) aumentam-se os manuais escolares. Também as reduções salariais que as empresas têm imposto aos trabalhadores, que mantêm o seu emprego em dificuldades, seja por lay off ou por trabalho a tempo parcial, ou outro tipo de medidas que retiram poder de compra aos que vivem apenas do rendimento do seu trabalho, aumentam-se os manuais escolares!

Em plena crise financeira a solidariedade social devia ser muito mais efectiva e abrangente naquilo a que se considera ser essencial para que o abandono escolar e a qualificação dos Portugueses sejam cada vez mais motivo de satisfação para que nos possamos tornar mais eficientes no futuro. Mas se as condições para se estar na escola são cada vez mais exigentes em termos financeiros, com uma educação tendencialmente paga, contrariando a nossa constituição, como é possível que se combata o abandono escolar com aumentos dos manuais escolares em 4,5%? Assim não!

Com o desemprego nos valores que temos em que, segundo o INE, cerca de 9 em cada 100 Portugueses com capacidade para trabalhar estão desempregados será bastante difícil para muitas famílias fazer face a aumentos na educação. É necessário que existam medidas que possibilitem ter equidade na aprendizagem escolar para todos, tendo em conta que todos os estudantes têm acesso ao mesmo nível de material escolar porque a educação é uma necessidade fundamental para o país.

Não chega ter nas escolas actividades complementares, se depois muitas das crianças têm dificuldades em acompanhar essas mesmas actividades por existirem dificuldades financeiras e não terem acesso aos mesmos materiais escolares que são cada vez mais caros.
Cabe ao Governo fazer mais pela nossa educação, e o fazer mais pode passar pela canalização de meios financeiros às autarquias, para fazerem chegar a todos os alunos os manuais escolares, que são obrigatórios para o melhor desempenho escolar, de forma gratuita.
Também a reutilização de livros seria fundamental para melhorar o sistema educativo, mas também aqui parece haver algum desinteresse para que isso não seja possível acontecer.

Como é possível que os manuais escolares tenham aumentos superiores à inflação quando o Governo assumiu um compromisso com as editoras que o preço dos livros escolares não poderia ter aumentos superiores à inflação? Estamos perante alguma coisa que não está certa!

Daniel Bernardino

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Entrega de Listas





Foi entregue, ontem, 17 de Agosto, o processo de candidatura do Bloco de Esquerda – Barreiro, para as eleições autárquicas. Estiveram presentes no acto o Mandatário da Candidatura Dr. José Augusto Batista; o Mandatário para a Juventude David Neves; os candidatos à Câmara Municipal Drs. Mário Durval e Carlos Alberto Correia; o cabeça de Lista para a Assembleia Municipal, Dr. Humberto Candeias e o representante eleitoral do Bloco de Esquerda, cabeça de Lista à Junta de Freguesia do Alto do Seixalinho, Manuel Sabino.

Hoje, pelas 14 horas, no Tribunal Judicial do Barreiro, na presença de representantes dos partidos concorrentes, teve lugar o sorteio de posicionamento nas listas de voto. Coube ao Bloco de Esquerda a colocação em 5º lugar. Nas freguesias onde não concorrem todos os partidos o posicionamento será automaticamente corrigido.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Ai de quem




Sentado na varanda do seu desejo o poeta trabalha no poema. O mar em frente penetra-o pelo olhar. Ausente, vai modelando no seu íntimo a mais sublime peça poética que o mundo poderá saborear. As palavras saem do arquivo da memória, passam no coador do gosto, juntam-se na epiderme da sensibilidade, prontas quase à recusa ou ao conceito do conhecimento.

Já a este poeta foram tecidos nas praças das letras hagiografias intocáveis. É um homem de cultura e nome feitos. Fala-se dele nos jornais e outros meios de comunicação titulando-o de enorme, monstro das letras, talentoso, inspirado, um que sei mais de qualificativos em extremo. Quase se pode ficar esmagado debaixo do peso de tal fama.

Mas o nosso poeta gosta. E mais, pensa que é de menos. Considera como insuficiente a glória tida. Tal como o oceano, que o contempla, ele aspira à sem razão de medida. Um infinito será talvez suficiente, mas o grande que ele tem é ainda pequeno. Quer muito de mais. Por isto, ele se pende sobre o mar. Ele busca, ele constrói. Por isso, lentamente o seu poema toma forma, vai crescendo. E no mirar-se, fazendo-se poema, não pode ouvir, queixando-se solitária a mulher que quis ser a companheira e está sozinha, atrás do poeta, atrás do mar, muito aquém da varanda do desejo, onde se busca, onde se perde, onde a memória recusa qualquer coisa que não seja o poema em escrita.

O mundo rola. Na cidade perto do mar a vida das pessoas flui. É comummente atroz e agradável. Nas marítimas ruas dessa cidade perpassam gaivotas e aromas salinos entremeados de vozes. Um mundo de gente, de barcos, de irmãos e inimigos. Nesta cidade edifica-se a glória do poeta. São aquelas mãos dadas que o lêem , o fazem grande e o mitificam. Dele sabem apenas os seus versos. O poeta é uma forma de leitura. Do homem nada sabem. Por isso o idealizam puro como uma intenção, por isso ele se pensa plano e sereno tal uma grande planície levemente soprada pela brisa, onde toda a calma permanece estável há séculos sem conto.

De mansinho, como que estando numa igreja sem ninguém, os medrosos dedos tacteiam os ombros do poeta. Ele volta-se de rompão, desabrido. Malcriado grita à mulher a estupidez do momento em que lhe perturbou os sentidos quando a rede da sua imaginação, quase-quase, aprisionara a fúlgida borboleta da inspiração.



Perante o pavor expresso nos olhos da companheira ao aceitar, passiva, o sacrilégio cometido, cresce-lhe no peito o gozo do poder. Desencarnando um largo gesto, olímpico na fala, teatral no todo, berra desaustinado o manso poeta dos versos, tocantes e oficiais, para namorados de acordo com a ordem social vigente, aceite e recomendável. À companheira diz da grandeza de que está investido. Aumenta-se diminuindo-a. Ela, transida e crédula, sente a desgraça no olhar irado do deus.

Amachuca-se, pede perdão. O poeta-deus, terrível aponta no acusador índex, a saída do paraíso.

A mulher, derrotada, em vão implora a graça de um olhar, de uma palavra amiga, de um pouco da compreensão que ele esbanja por páginas e páginas de romances e poemas elevados à celebridade dos compêndios escolares. Nada demove a granítica vontade .A mulher desaparece da sua vida deixando o cenário do conto um pouco mais vazio.

Intemporal o poeta continua a criação do grande poema, do último, do definitivo. Com ele encerrará a sua obra e todas as outras obras ainda por escrever. Ele será o último e o único. Ele poema. Ele poeta.

Ao que parece, na cidade junto ao mar passou a fome, a guerra, a doença. Nada tocou o poeta. De nada se apercebeu. A sua obra enche-o por completo. É o trabalho mais importante do mundo. É a esperança de toda a gente. Ele dirá tudo, ele resolverá todos os problemas.

No princípio, tal como no fim, será o verbo...

Na varanda do seu desejo o poeta , contemplando o mar, envelheceu e morreu. O seu último poema, unanimemente considerado uma obra de génio, um programa de vida e o retrato daquele homem amável e humano, começava assim:

Ai de quem vive a vida instalado
na varanda do desejo virado ao mar ...

Ai de quem egoísta e santificado
não deu de si aos outros mais que simulação

Ai de quem Ai de quem Ai de quem
estragou a sua vida na contemplação ...




Carlos Alberto Correia



quarta-feira, 8 de julho de 2009

A oportunidade perdida para o Barreiro Velho





O Bloco de Esquerda na última sessão da Assembleia Municipal questionou o Sr. Presidente da Câmara sobre o desfecho da candidatura efectuada ao Quadro de Referência Estratégico Nacional ( QREN) – “ Programas integrados de valorização de áreas urbanas de excelência, inseridas em centros históricos”, tendo então sido revelado que a candidatura não tinha sido aprovada.

As decisões e actos políticos da gestão CDU relacionados com esta candidatura merecem uma análise e reflexão profundas.

As candidaturas ao QREN afiguram-se de uma extrema importância para o concelho, por um lado devido à fragilidade e degradação a que chegou o património e espaço público no Barreiro, por outro lado pelo carácter único e provavelmente irrepetível do actual Quadro Comunitário de Apoio, que disponibiliza verbas muito significativas para a regeneração urbana. O Programa em questão disponibilizava por projecto até 3 500 000 €. Considerando a escassez de recursos financeiros das autarquias, o QREN constitui, actualmente, o mais importante instrumento financeiro para assegurar o investimento necessário à qualificação do território, criando condições para o aumento da qualidade de vida e bem-estar das populações.

Na Assembleia Municipal desde o início do QREN que temos vindo a questionar o executivo sobre a maturidade das candidaturas, nomeadamente a dos projectos estruturantes, como são o caso das candidaturas na área da Política de Cidades - Parcerias para a Regeneração Urbana. Sabemos que o processo de elaboração de candidaturas deste género é muito exigente. Não se tratam de meros projectos técnicos. Um bom trabalho no domínio técnico das especialidades que estiverem em questão, como por exemplo a Arquitectura, a Sociologia ou o Planeamento, constitui uma condição necessária, mas não suficiente para realizar um projecto ganhador. Os responsáveis políticos têm um papel decisivo. Desde o início até ao último momento. A preparação atempada, mesmo antes da abertura do período de candidaturas, requer alocação de recursos, responsabilização e acompanhamento. A qualidade e envolvimento das parcerias, factor absolutamente decisivo neste programa, dependem em exclusivo do desempenho dos políticos. A validade e sustentabilidade dos projectos também provêm muito do papel das populações na elaboração dos diagnósticos e planos de acção, que por sua vez dependem da orientação política do executivo.

Foi com base nestes pressupostos que propusemos no ano passado em Assembleia Municipal a criação de uma comissão de inquérito, constituída por representantes de todas as forças políticas, para analisar o processo de elaboração da candidatura ao QREN de Valorização das Áreas Ribeirinhas. Como é do conhecimento geral a CMB falhou também essa candidatura, por atraso, perdendo a possibilidade de aceder até 3500 000 €. A CDU recusou essa iniciativa proposta pelo BE. Defendeu um inquérito interno, entretanto arquivado, não permitindo que as instâncias políticas fossem objecto do escrutínio democrático da Assembleia. E assim, sabendo agora o que aconteceu à candidatura Barreiro Vivo para a regeneração do Barreiro Velho é caso para dizer, tudo como antes, quartel-general em Abrantes.

A candidatura para a regeneração do Barreiro Velho começou mal. Alertámos imediatamente para a desconsideração sobre um dos critérios da selecção das candidaturas, o relativo ao grau de envolvimento das populações locais na preparação do Programa de Acção. O mais extraordinário é que esta situação acontece no período de uma gestão CDU que se apresenta como o paladino da participação, desenvolvendo um poderoso e caríssimo marketing sobre a ideia do Barreiro como Cidade da Participação onde nem os outdoors têm faltado. É absolutamente irónico e revelador que no período em que deveria ter ocorrido e não ocorreu a participação dos cidadãos para preparar o plano de acção do programa de acção do projecto tenham existido as ritualísticas reuniões de Opções Participadas sobre o Barreiro Velho e do Conselho para a Reabilitação e Desenvolvimento do Barreiro Antigo.

Setúbal, Palmela e Almada entre outras cidades tiveram as suas candidaturas aprovadas e vão iniciar a recuperação e dinamização dos seus centros históricos.
E nós?
Vamos continuar a ouvir a ladainha de que os Governos discriminam o Barreiro?

“,Vi uns homens a inaugurarem estátuas
e vi fardas e paradas e conferências
e crianças a sorrir
para os homens sorridentes que inauguravam estátuas
e vi homens que falavam e pensavam por mim
a escolherem por mim o bom e o mau
de modo a que eu não possa ser tentado
a confundir o mau com o bom ou vice-versa ou vice-versa.”

“… atenção ao marketing…atenção ao marketing.”

Fernando Namora



Humberto Candeias

O que é isso da governabilidade?








Desde que Paulo Rangel venceu Sócrates nas Europeias, a Direita acordou! Mas despertou receosa de que, no próximo confronto, tal espavento não se repita e os partidos de esquerda voltem a somar a maioria absoluta dos votos expressos. Para que tal não aconteça é necessário agitar alguns papões ameaçadores .O bloco de direita – PSD, CDS a que , pelas suas recentes posições, é licito juntar o Presidente da República – está unido em torno de três ideias básicas as quais, sendo puros mitos, pretendem simular verdades absolutas: a da governabilidade, a da simultaneidade das eleições legislativas e autárquicas e a da economia por corte das grandes obras públicas.

A primeira questão é apresentada como se qualquer unidade pós-eleitoral só fosse possível à direita. Espera-se que o PSD ganhe as legislativas e componha a maioria com o CDS ou, cereja em cima do bolo, que o bloco central de interesses económicos venha a traduzir-se num bloco central da política unindo PSD e o PS. Por outro lado, na esquerda apenas pressentem impossibilidades. O PS nunca uniria esforços com o PCP e, muito menos ainda com, dizem eles, o imaturo Bloco de Esquerda. A pergunta a fazer-se é porquê? Que fatalidade genética dará aos partidos de direita maior capacidade ou apetência para a governação e as retira às esquerdas? Em que tratado de Política, ou de Biologia, tal se demonstra? Já se esqueceram de Durão Barroso, do seu pântano e do precipitado abandono do governo para rumar à sinecura europeia, deixando pendurados os portugueses, entre eles, oh! Ironia, a ministra Ferreira Leite mais o seu doloroso programa de emagrecimento da população? Já estamos esquecidos que as acções governativas da direita são aquelas que conduziram o mundo às guerras e a esta crise? Mais liberalismo sem freio? Mais mercado a dirigir os destinos do mundo sob a lenda da auto regulação, quando sabemos que o seu objectivo é sempre explorar, até ao limite e sem ética, todas as possibilidades? Esquecendo que o seu único objectivo é a máxima acumulação de riqueza, num exíguo número de empresas ou pessoas, e quando os limites são atingidos abandonando as populações empobrecidas aos problemas por eles criados na ânsia louca de um desmedido enriquecimento?

Temos de tornar claro que a acção comum das esquerda é uma possibilidade. Perante propostas e políticas concretas, que defendam as populações trabalhadoras, qualquer dos partidos de esquerda pode, e muitas vezes já foi feito, juntar as suas vozes e votos para tornar possível o melhoramento da vida da nossa gente.

A segunda ideia-força é a da simultaneidade das eleições. O grande argumento é a poupança feita se as eleições decorrerem no mesmo dia. Se os argumentos forem somente os de índole económica, na fronteira, chegaremos à denegação da democracia porque, aparentemente é mais cara que qualquer regime de quero, posso e mando. Na realidade apenas o PSD defende eleições simultâneas. Fá-lo, sejamos claros,porque lhes parecem ser mais favoráveis aos seus desígnios, porque pensa optimizar assim os seus resultados eleitorais. Todos os outros partidos preferem eleições desligadas. Será porque são mais perdulários que o PSD? Claro que não! Também aqui se joga o interesse próprio de cada partido. No entanto há algo mais a juntar a esta posição. Cada eleição tem a sua dignidade e o seu espaço próprio. Misturá-las, não sendo crime de lesa democracia, é sem dúvida subalternizar uma em relação à outra. Ora isto seria um mau serviço, a longo prazo, à democracia. Seria como cortar na comida e ficar admirado por se ter fome. Não me parece, à primeira vista, que devamos submeter-nos à ilusão económica prestando, nesse passo, um péssimo serviço à democracia.

Finalmente a grande preocupação com a dívida, resolúvel no corte dos investimentos com as obras públicas, faze-me lembrar lágrimas de crocodilo. Que é preocupante a subida do endividamento, claro que é! Todos o sabemos. Mas serão todas as dívidas iguais? O endividamento ao jogo é semelhante ao investimento numa máquina para produção? O que se deve discutir não é se vamos gastar muito dinheiro, mas sim o que poderemos ganhar com esse gasto. Desta discussão foge a direita preferindo a facilidade de um economicismo parvo. No entanto, sabemos que, caso ganhasse as eleições, algumas destas agora contestadas obras teriam que ser feitas. O aeroporto de Lisboa é um enorme risco. Tem-nos valido Nossa Senhora de Fátima ou dos aviões senão já uma aeronave se teria esmagado sobre o casario lisboeta. O aeroporto está cercado pela cidade e terá, inevitavelmente de ser mudado. Como está decidido ser em Alcochete, teriam de construir-se acessos e, lamentando ter de dar o braço a torcer, lá viria a direita dizer que afinal a ponte era necessária. Só que num outro local onde servisse melhor a sua clientela e não nestas zonas demasiado vermelhas para o seu requintado gosto. E o TGV? Claro, com o impulso que a direita, em boa hora eleita, daria ao mercado, seria necessário um meio de transporte expedito para que os homens de negócio pudessem, sem perdas de tempo, encontrar-se em qualquer ponto da Ibéria. Lá viria o comboio rápido solucionar parte do problema. Pareço demasiado cínico na minha exposição? Olhem que não! Na verdade esta súbita moderação da direita não é real. É meramente estratégica. Visa assustar para dominar. Afinal quem é que, em primeiro lugar, beneficia dos grandes empreendimentos senão as grandes empresas? E de quem são eles apoiantes? Do Bloco, não! Do PCP, tão pouco! Do PS, às vezes quando faz o jogo liberal. Do bloco de direita? Certamente e sem qualquer dúvida.

Então, sabendo isto, não nos deixemos embalar em cantos de sereia a vamos, frontalmente, recusar os receios que a direita tenta injectar na vontade dos portugueses e dizer claramente que a maioria é o povo e que o povo espera uma esquerda que não se traia nem o traia. Desta forma poderemos fazer frente à crise e ultrapassá-la em benefício dos que diariamente labutam com um mínimo de réditos.

Não podemos esperar que resolvam a crise aqueles que a criaram.



Carlos Alberto Correia

Barreiro Cidade










“O Tempo esse grande escultor”é uma obra de Marguerite Yourcenar que li há já algum tempo.

Nesse conjunto heterogéneo de ensaios, a escritora conduz-nos a uma reflexão sobre o passado e o presente e ao gosto pela arte e pela meditação sobre o quotidiano da vida.

Por que me terei lembrado agora do referido título?

Quando, mais uma vez, se celebra a data em que o Barreiro passou de vila a cidade, parecem fazer sentido algumas reflexões.

Efectivamente, quando vimos assistindo, nos últimos tempos, a um conjunto de alterações que vão trazendo ao Centro do Barreiro sinais de mudança, para uma desejada modernidade (as alterações na Av. Alfredo da Silva, o nascimento de um Fórum Comercial, a transformação de toda a zona envolvente à R. Stara Zagora, …), não podemos deixar para trás uma análise sobre o que está sendo esta nova cidade.

Parece, na verdade, tal como Yourcenar nos propõe, que se impõe uma reflexão sobre o passado e o presente.

Não são muitas as vezes que passo pela antiga Estação dos Caminhos-de-ferro e Velho Terminal dos tradicionais barcos do Barreiro - Lisboa e vice-versa.

Aconteceu-me, porém, fazê-lo, há muito pouco tempo e a sensação que tive foi muito desagradável. O que vi?

Olhando em redor do edifício propriamente dito da antiga estação, somos colocados perante um conjunto arquitectónico ferro-fluvial de um valor patrimonial indeterminável.

Num primeiro olhar, temos um edifício com todas as características da arquitectura romântica do séc. XIX, a que já foram retirados alguns elementos próprios da função a que se destinavam; falo dos bancos em madeira e ferro, ergonomicamente concebidos, onde tantos e tantos aguardaram partidas e chegadas. Esses já lá não estão! Em sua substituição vêem-se, para a mesma função, estruturas metálicas que nada têm a ver com o resto.

Na parede do edifício ainda se mantém um relógio que evoca momentos certamente marcantes nas vidas de muitos – alegrias, choros, encontros, separações, reencontros! Até quando se manterá lá?

Continuando a direito, em direcção às oficinas da CP- EMEF – encontramos, pelo caminho, um verdadeiro conjunto museológico da época industrial, cuja arquitectura é marcada pela tijoleira vermelha e adornos em ferro.

Quem visitar o Museu de Electricidade, na outra margem do Tejo, encontrará uma continuidade deste conjunto arquitectónico do maior valor, em boa hora recuperado para os melhores fins.

Olhando para este Barreiro, que teima em falar-nos da sua própria História, fica-se apreensivo, pois receia-se pelo que possa vir a acontecer, num futuro muito próximo.

Aliás, podemos perguntar-nos, e da velha Cuf e suas marcas físicas, o que ficará na emergência de um novo pólo da cidade?

Estou tanto mais preocupada quanto vou assistindo à derrocada de outros elementos vivos, que poderemos igualmente chamar de património, pela idade acumulada.

No Centro do Barreiro, num espaço familiar e circunscrito às habitações de moradores, cujos filhos nasceram e cresceram, brincando nas traseiras das suas casas, assistimos, há dias, ao corte de árvores centenárias que eram património deste recanto do Barreiro.

Será que a antiguidade e/ou a doença, são razões suficientes para se abater aquilo que identifica os seres sensíveis e amantes da sua História?!
Será que o Barreiro do futuro vai ser capaz de conciliar o passado e o presente?

Os barreirenses apreciam, certamente, a mudança, mas não gostarão que lhes cortem as suas raízes!


21 de Junho de 2009
Rosário Vaz

segunda-feira, 8 de junho de 2009

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Há, na história, momentos cruciais que prenunciam mudanças até aí pouco discerníveis. Há também desenvolvimentos irónicos só entendíveis na invenção de um deus perverso entretido a baralhar os juízos dos homens ou, mais na teoria do Caos, se compreendermos que efeitos inesperados eram perfeitamente previsíveis e fatais, só não sendo apercebidos como tais por não conseguirmos apreender todas as diversas e subtis causalidades as quais, somadas, os tornaram inevitáveis.

Estas eleições europeias serão, possivelmente e a meu ver, um desses inopinados fenómenos.

Os partidos socialistas no poder, todos enfeudados, contranatura, à defesa e execução de modelos de governação neoliberal, foram castigados pelo seu desvio direitista. Os eleitores socialistas não votaram neles porque não se reconhecem nestas políticas, os liberais, sentindo-os estranhos e de pouca confiança, agradecendo o serviço prestado, preferiram voltar aos partidos que melhor e mais abertamente defendem o seu ideário. Deste modo, apesar das sucessivas mentiras e traições os socialistas neoliberais, no primeiro momento de tira-teimas, encontraram-se em terra de ninguém e com as hostes, que consideravam conquistadas, a dizerem-lhes claramente que ninguém confia em vira-casacas ideológicos.

Foi o que se viu por essa Europa fora acrescentado do quanto de desprezo, na recusa de comparência às urna, de parte significativa da população. Temos portanto os governos socialistas a pagar o preço da crise alimentada pelos neoliberais e estes, alterando agora o discurso, prometem uma regulação que não pensam implementar, aparecendo como a esperança de mudança de paradigma. Ironia das ironias espera-se que os responsáveis pela crise nos venham salvar dessa mesma crise. Ou dito de outra maneira, como se o ingénuo cordeiro fosse à toca do leão pedir-lhe protecção para os ataques desse mesmo leão.

Postos estes prolegómenos olhemos para Portugal.

De parabéns está Paulo Rangel porque, abandonado pelo baronato do partido, se bateu sozinho e com coragem, conseguindo um resultado que é, só por si, um sério aviso a Sócrates e à sua governação. O PSD, no geral, recebeu um brinde que se calhar não mereceria e que penso, será de mais difícil repetição nas Legislativas. Não duvidando que boa parte das deslocações de votos foram acções de protesto contra o Governo, é incerto que, num mano-a-mano entre Ferreira Leite e Sócrates, aquela possa levar a melhor. É que, para além do seu parco envolvimento emotivo com os eleitores também ela tem, desde o seu ministério das finanças, telhados de vidro. O resultado obtido por Rangel não será facilmente transferível para o partido no terreno das legislativas.

Por outro lado, e lá vão contas de merceeiro, a esquerda sociológica é ainda claramente maioritária. Somando canhestramente os votos do PS, Bloco e PCP, andaremos pelos 49% dos votos expressos. Seria confortável maioria se a palavra esquerda tivesse validade intrínseca e não escondesse rivalidades assassinas. Serve aqui, como reflexão, o processo exemplar que decorre, desde há dez anos, no Bloco de Esquerda. Ultrapassando as desinteligências graves que dividiam vários grupos, ditos de esquerda radical, foi possível construir uma plataforma de entendimento, através de programas e acções comuns, privilegiando o que une e ultrapassando o que separa. A pergunta que me faço é a de saber se o mesmo será possível fazer com esta agregação meramente sociológica que são os partidos do povo de esquerda?

Os tempos que aí vêm não vão ser fáceis. O brilho destas vitórias eleitorais cedo se embaciará frente às dificuldades a que iremos ser sujeitos. O tempo das facilidades – para nós recentes e breves – acabou. A globalização, que num primeiro momento acrescentou riquezas às sociedades desenvolvidas, está agora a reclamar o pagamento das facturas. Uma cada vez maior parte da população mundial, até há pouco afastada das benesses e malefícios do consumo exige, agora e com veemência, a sua quota-parte do bolo. Só que o bolo, ao ser dividido por mais gente, será não só escasso, como as suas fatias terão de ser, necessariamente, bem menores. As sociedades ocidentais não sabem conviver com isto. Inventaram a social-democracia quando era fácil transferir a exploração proletária da sua população para as colónias e ex-colónias. Acabada a mama os malefícios do desemprego, pobreza e doença espreitam novamente à porta daqueles que já se desabituaram de tais coisas e as vêm aparecer de novo como ameaça constante e inultrapassável. Para estes males não há soluções no “mercado livre” que os alimenta. Este procura apenas a maximização dos lucros e não tem preocupações humanitárias. Para ele o homem é mero factor económico e não a razão de ser da economia. Trocaram os factores da equação e a resposta só pode estar errada. Cabe às esquerdas a correcção deste estado anómalo de coisas. Mas para isso terá que encontrar-se no terreno da união, com a generosidade de tentar perceber o projecto do outro e a inteligência de ser capaz de se adaptar a uma causa comum para benefício de todos. É necessário perceber que a razão não está toda no mesmo sítio e que é essencial conseguir ceder para, em conjunto, se poder avançar. Olhando para o estado das coisas não creio que tal possa ser já uma conquista ou uma consequência destas eleições ou do que elas prenunciam. Tenho pena que ainda se vão queimar inutilmente muitas ilusões e energias antes de podermos congregar esforços para a prossecução de um mundo onde a pobreza seja erradicada e a condição humana atinja a dignidade que lhe cabe. Sei, no entanto, que esse é o caminho e para ele laborarei. Um dia, os homens de boa vontade, deixarão as divisões inconsequentes e unir-se-ão para o que é primordial e importante. Assim o espero, assim o quero e para tal trabalharei sabendo que não estou isolado nos meus esforços. Se alcançarmos estes desígnios os nossos filhos poderão crescer em paz. Caso contrário talvez eles não possam conhecer os seus netos.


Carlos Alberto Correia

terça-feira, 2 de junho de 2009

Borradas judiciais





1 - Declaração de interesses

Como foi noticiado na imprensa local integro as listas do Bloco de Esquerda para as eleições autárquicas. Este facto coloca-me um problema de princípios sobre a circunstância de, sendo candidato, dever, ou não, suspender a minha colaboração temporariamente neste Jornal. Consultado o travesseiro, como é costume dizer-se, cheguei à conclusão que, alertados os leitores para o facto, conscientes da declaração de interesses, nada obstaria à continuidade da minha colaboração neste órgão informativo. Na verdade a crónica nada mais é que o exercício opinativo abordado através dos factos quotidianos ou da defesa de valores e crenças. Assim ela é por natureza e sempre um acto político por excelência.

Pesados estes critérios, não havendo nada em contrário por parte da direcção do Rostos, manterei a minha presença, acrescentando na assinatura as condições de militante e candidato pelo Bloco de Esquerda. Ficarão assim ressalvados, em meu critério, os pressupostos éticos que devem presidir à relação entre escritor e leitores.

2 – As borradas


Esmeralda, Alexandra e tantos mais casos e pessoas que não chegaram às luzes da ribalta desesperam-nos em relação ao aparelho judicativo do País. Somos um país legislativo, dificilmente um estado de direito. A justiça cara e tardia, decisões socialmente chocantes, o poder possivelmente excessivo do corpo judicial, fazem parte do descontentamento das nossas vidas.

Qualquer forma de poder, em democracia, exige de quem o receba imenso cuidado na sua utilização. Responsabilidade e humildade na execução legitimam o seu possuidor e conferem dignidade a quem, parcimoniosamente, o exerce. A arrogância e a prepotência são a outra, negativa, face do poder.

Por questões históricas e sociais há muita arrogância a impregnar o tecido judicial. Daí à decisão injusta ou desfasada da realidade é um pequeno passo que é, por demais, dado sem maior reflexão sobre os efeitos latentes da mesma.

Para ilustrar estas afirmações não resisto a contar um caso antigo, para o qual me foi pedida fundamentação antropológica, de atribuição de poder paternal.

Um casal com um bebé de cerca de um ano divorciou-se. Na divisão de bens, como era costume, concordaram na atribuição da casa à mãe factor correlato com a responsabilidade parental directa que lhe fora consignada. Só que a mãe não correspondeu às exigências inerentes. Começou por deixar o filho sozinho durante a noite e, conhecido o facto, chamada a atenção, passou a largar o filho em casa da avó paterna. Inicialmente apenas nas noites em que decidia ir divertir-se, posteriormente acrescentou os fins-de-semana e, finalmente, passando semanas inteiras em que nem sequer ia saber como estava o bebé. Entretanto, o pai que era militar, vivia nos quartéis onde prestava serviço, não podendo ter consigo um filho de tão tenra idade. Mas, para a mãe, não havia qualquer problema. Tudo corria sobre rodas.

Ia o bebé pelos seus dois anos e meio quando o pai, casando em segundas núpcias, achou-se com capacidades para dar de novo um lar ao seu filho. Muito embora o pequeno continuasse a viver, habitualmente, em casa da avó paterna, sendo respeitador da lei, pediu a revisão, em sede própria, da atribuição do poder paternal. O caso, que parecia de fácil resolução, dado o abandono a que a mãe sempre votara a criança, arrastou-se uns quatro anos pelo tribunal. Continuando ela, como se provou, a ser negligente em relação à criança, possivelmente como vingança pelo facto de o pai se ter casado novamente, retirou o seu filho de casa da avó, começando a sonegar as visitas da criança à nova família. Como consequência, ainda, da existência um tanto ou quanto desregrada perdeu a mãe o emprego e da pensão reforçada, dada pelo pai, para manutenção do filho saía parte substancial para sustento da sua vida social com prejuízo das condições de manutenção do bebé. Aviltando ainda mais a situação desta mulher acresceu a remessa para tribunal de casos de cheques sem cobertura – na altura considerados crime – bem como uma pendência qualquer, com a então Policia de Viação e Trânsito, por ilegalidade cometida. Apurou-se também que estava em vias de emigração.

Esta possibilidade levou a que o pai aumentasse a pressão sobre o tribunal. Um dia lá chegou o julgamento e tudo quanto foi dito sobre o comportamento negligente e culposo da mãe foi provado. Assim como a possível deslocação para o estrangeiro. O libelo produzido pela Juíza do caso era terrível para a mãe. Reconhecia tudo. Havia indignidade no seu comportamento, não merecia credibilidade, não obedecia às ordens emanadas pelo tribunal, por isso – quando todos pensávamos que iria ter a devida sanção - o poder parental continuaria a ser-lhe garantido!

Pasmei e aquele pai nunca mais viu o seu filho!

Este caso foi aqui trazido por me parecer bem paradigmático de uma certa forma de fazer justiça. Poderia chamar-lhe a decisão “by the book”. Isto é, a simples colagem à letra da lei, sem que haja capacidade de perceber que em casos de consequências sociais como estes, a decisão sábia será mais baseada na sociologia que no estrito cumprimento do enunciado legal. Não são simples as questões da parentalidade nem o laço biológico será sempre o mais importante critério a avaliar. A consanguinidade não é tudo. Os laços socioafectivos são, muitas vezes, bem mais importantes que os genéticos. As questões de progenitura foram importantes para as sucessões dinásticas e outras. Fazem parte de uma mitologia do sangue que a ciência hoje já não pode assumir de forma tão primária. A parentalidade é uma criação derivada do social e que só nas interligações criadas se consubstancia. Mas para efectivar esta atitude na Justiça é necessário uma outra forma de preparação, um outro entendimento da vida e das consequências de determinadas deliberações, para as quais, que me perdoem aqueles que não cabem nesta descrição, a maior parte dos nossos juízes não está preparada.

Precisamos de outra justiça. Fazem falta novos juízes! Não é possível continuar, tantas vezes, a borrar-se, desta maneira, a escrita.


Carlos Alberto Correia

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Reforço da Coordenadora Concelhia


Na reunião alargada da Comissão Coordenadora Concelhia do dia 25 de Maio, tendo em consideração o acréscimo de trabalhos que este período eleitoral vai trazer bem como o impedimento de alguns membros da Concelhia, foi decidido reforçar esta Coordenadora.

Ficaram assim definidos os seguintes sectores:

Coordenação

Mário Durval

Autarquias

Humberto Candeias, com o reforço de:

Paula Costa e
Rosário Vaz

Comunicação

Carlos Alberto Correia

Tesouraria

Manuel Sabino

Agitação e Propaganda e Juventude

Alberto Cruz com o reforço de André Antunes

terça-feira, 26 de maio de 2009

Cabeças de listas para as eleições autárquicas de 2009







No passado dia 21 foram divulgados os candidatos do Bloco de Esquerda, Barreiro, para as próximas eleições autárquicas. Os candidatos apresentados são os seguintes:
Mandatário

José Augusto Batista - Independente
Biólogo; Professor do ensino secundário: Perito da OIT.

Mandatário para a Juventude

David Neves – Independente
Estudante de Economia.

Câmara Municipal

Mário Durval
Médico de Saúde Pública.

Carlos Alberto Correia
Antropólogo/Gestor de Empresas.

Assembleia Municipal
Humberto Candeias
Psicólogo – Director Técnico da Cooperativa Nós.

Rosário Vaz
Professora do Ensino Superior.

José Namora – Independente
Licenciado em Ciências Políticas.

Maria José Marques – Independente
Funcionária das Finanças

André Antunes
Estudante de Contabilidade e Finanças

Juntas de Freguesia:

Freguesia do Alto do Seixalinho
Manuel Flores Sabino
Assistente de Gestão da REFER

Freguesia do Barreiro
Paula Cristina Soares - Independente
Assistente Social

Freguesia de Coina
Vitália Ribeiro
Professora do Ensino Secundário

Freguesia do Lavradio
João Lampreia
Técnico de Vendas

Freguesia de Palhais
João Martins Xavier
Funcionário Parlamentar

Freguesia de Santo André
Maria Jorgete Teixeira
Professora do Ensino Secundário

Freguesia de Santo António da Charneca
Armando Mendes
Estudante - Técnico de Banca e Seguros

Freguesia da Verderena
Carmindo Vicente – Independente
Aduaneiro reformado.

terça-feira, 19 de maio de 2009

O barreiro no eixo de confluência da mudança







Desde há algum tempo a esta parte, o Barreiro vem sendo notícia nas páginas dos jornais locais e nacionais. Pode mesmo dizer-se que o Barreiro atravessa uma fase crucial de oportunidade, pois a sua posição estratégica relativamente aos investimentos públicos que se desenham no horizonte – Terceira Travessia do Tejo, o Novo Aeroporto e a exposição ribeirinha dos terrenos da Quimiparque, surgem como uma quase oferta de rampa de lançamento da cidade que, depois da era industrial, veio perdendo em oferta de emprego, em desenvolvimento e, por isso, em população efectiva.
Acrescendo a estes factos, surge-nos agora um Projecto chamado do “Arco Ribeirinho Sul”, onde, naturalmente, o Barreiro se inclui.

A grande aposta está em criar, na Área Metropolitana de Lisboa, “uma grande metrópole de duas margens”, onde o Tejo pode, hoje, como outrora, ser um protagonista de valor acrescentado. E é aí que o Barreiro deve surgir inovador e com sentido da sua História.

Efectivamente, o Barreiro foi, nos seus primórdios, uma vila piscatória e de moleiros, estes dos aí presentes moinhos de maré. Com o passar dos tempos, o Barreiro passou a vila industrial e operária; as indústrias que nos levam a falar da agora Quimiparque, passavam de Alcântara para o Barreiro via Tejo. Este, porém, entrava pelos territórios adentro através do seu afluente Coina e também aí deixou marcas que integram a História desta cidade.

É, pois, uma evidência que, neste, ou em qualquer que fosse o Projecto, o Tejo tinha de estar no Centro da valorização do Barreiro do futuro.
Consciente das potencialidades do referido Projecto do Arco Ribeirinho Sul, o Bloco de Esquerda tem contributos objectivos que passam pela proposta de criação de um Centro Cultural e Científico do Tejo.

Este mesmo Tejo que se prepara para suportar um terceiro atravessamento, tem forçosamente de ser rentabilizado e equacionado nas suas múltiplas valências e ofertas de oportunidade.

Ao falar de Centro Cultural e Científico do Tejo não está subjacente a ideia de um espaço físico, diga-se, um edifício colocado algures, no Barreiro. Pensa-se, antes, que o Barreiro tem matéria importante e suficiente para motivar a investigação científica e cultural, em torno da sua História, o que consubstanciará, garantidamente, o desenvolvimento equilibrado e harmonioso desejado.
Assim, essa ideia vai começar a concretizar-se já no próximo dia 16 do presente mês, com a realização do Seminário “Os Caminhos do Tejo”, no Auditório da Biblioteca Municipal, entre as 10 e as 17Horas, com a realização de três mesas de apresentação de temas variados, por especialistas de reconhecido mérito, da História à Biologia, passando pela Geografia, Economia e outros.

Este será também um contributo, que se afigura indispensável, para pôr travão à destruição do Património Histórico, seja ele edificado ou de memórias construído, na preservação da identidade do Barreiro.


Rosário Vaz - BE

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Seminário "Os caminhos do Tejo"



No âmbito do lançamento da iniciativa em prol da formação e implementação do Centro Cultural e Científico do Tejo, convidamos todos os interessados para o seminário, acima mencionado, a decorrer no Sábado, dia 16 de Maio, na Biblioteca Municipal do Barreiro.

A ordem de trabalhos será a seguinte:

10,00 – 11,00 – Águas paradas ainda movem moinhos
Abertura – Mário Durval

 José Tribolet – Presidente do INESC
 Lino Costa – Biólogo

11,00 – 11,30 – Debate

Moderador – Mário Durval

11,30 – 11,45 – Café


11,45 – 12,15 – Gentes e Ambientes Alfreda Cruz – Geógrafa
 José A. Batista – Biólogo

12,15 – 12,45 - Debate
Moderador – Rosário Vaz



Almoço



15,00 – 16,00 – O Tejo nos caminhos da história – José Caro Proença - Historiador
– Fernando Rosas - Historiador
– António Ventura – Historiador

- Joaquim Raminhos - (BE)

16,00 – 16,30 – Debate

Moderador – Carlos Alberto Correia


16,30 – 17,00 - Conclusões

- António de Sousa Pereira – Jornalista


Durante o seminário serão apresentados textos literários seleccionados pelas Professoras Maria Jorgete Teixeira e Rosário Vaz.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Centro Cultural e Cientifíco do Tejo





Agendámos para 16 de Maio, das 10,00 horas até às 17,00, na Biblioteca Municipal do Barreiro, o seminário “ Os caminhos do Tejo”.

Esta iniciativa inscreve-se na recuperação do valor que o Rio teve e tem, na história, na economia e na cultura, não só da Região Ribeirinha, como nos seus reflexos nas ordenações territoriais e económicas do País.

Começámos assim por contactar com um variado grupo de especialistas em história, geografia, arquitectura, economia, sociologia, antropologia, engenharia, etc., perguntando-lhes o seu ponto de vista sobre a realidade do rio e das suas populações ao longo do tempo, bem como qual seria a sua visão para o futuro.

Dessas conversas resultou a ideia de avançar com a criação de um Centro Cultural e Científico do Tejo. O conceito central seria o de, a partir de núcleos museológicos vivos – ex: Navegação e Descobrimentos; Corticeiro; Ferroviário; Industrial e ambiente – chegarmos a um Centro de Informática e Documentação que viesse a centralizar o conhecimento produzido na e para a zona dos Rios Coina e Tejo.

O projecto embora ambicioso é conseguível. Basta, para tanto, que, ultrapassando o círculo sempre restrito do nível partidário, soubéssemos abrir esta iniciativa às forças vivas da comunidade.

Foi o que fizemos. Aprofundámos e ampliámos os contactos com os especialistas e orientámo-nos para o seminário acima anunciado, onde, esperamos, novos contributos venham a ser dados para a consolidação deste empreendimento sociocultural que, senão pela sua génese, pela sua prossecução será património, assim o cremos, de todas as comunidades ribeirinhas.

Sobre a constituição das mesas e painéis do seminário, daremos, brevemente, notícias.