terça-feira, 31 de março de 2009

Centro histórico - Requerimento de Processo




Oficio no 22/2009

Assunto: requerimento



Ao Sr. Presidente da Assembleia Municipal do Barreiro

3 de Março de 2009 Barreiro


O grupo municipal do Bloco de Esquerda solicita ao Sr. Presidente da Assembleia Municipal do Barreiro que obtenha do Sr. Presidente da Câmara Municipal do Barreiro cópia da seguinte documentação:

- processo completo de candidatura do projecto do centro histórico entregue no dia 1 de Março pela Câmara Municipal em que conste o despacho de nomeação do responsável pela candidatura, contactos estabelecidos, participantes, parceiros, contributos dos parceiros, acordos ou protocolos realizados, documentos de diagnóstico ou suporte, reuniões havidas e os formulários e anexos entregues, com a devida sequência cronológica.

Com os melhores cumprimentos

O representante do Grupo Municipal do Bloco de Esquerda - Humberto Candeias

domingo, 29 de março de 2009

Saudação ao Bloco




Mandatou-me a Concelhia do Barreiro para, em seu nome, trazer aqui uma saudação e um abraço de felicitações pelo décimo aniversário do Bloco de Esquerda.

Habituado pela resistência a servidões várias e antigas, sou de verbo mais acre que suave, mais propenso à crítica que ao elogio. No entanto, uma ocasião tão especial quanto esta exige que consigamos ultrapassar as nossas limitações pessoais, para sermos merecedores de comparticipar o êxito que tem sido o percurso do Bloco, desde a sua fundação, até ao dia de hoje.

Lembremo-nos que o seu caminho passou do improvável ao possível, do possível ao plenamente existente.

Fundado em plena torrente das sequelas do liberalismo de ferozes thatchers e reagans, primeiro, de inefáveis bushs (pai e filho) posteriores, o incerto conseguimento tornou-se acto. Assim, ultrapassando de modo firme os antagonismos ideológicos de uma esquerda fragmentada e frágil, percebendo que a igualdade se faz com a aceitação das diferenças, avançou a utopia de que a unidade na diversidade seria possível.

Sabemos que pouca gente levou a sério esta tentativa. Mas o arrojo da ideia, como vimos, não só tinha pernas para andar, como tem vindo a fortalecer-se ao longo do caminho.

Por isso o Bloco aparece, nestes tempos difíceis e perigosos, a cada vez mais gente, como a esquerda de confiança em que depositam as suas esperanças de uma vida melhor, de uma democracia autêntica, de uma sociedade mais justa.

Merecemos, camaradas, essa confiança pelos dez anos de incansável luta em prol dos mais desprotegidos.
Por isso, para desespero daqueles que disfarçando o seu receio por esta coisa inteiramente nova – que não compreendiam nem aceitavam – e demonstravam o seu menosprezo apodando-nos de “esquerda caviar”, o povo deste país dá resposta inequívoca aderindo às nossas propostas, revendo-se nelas e aumentando o seu apoio ao nosso partido.

Deste modo aproximamo-nos a passos largos das mais altas esferas do poder. A melhor saudação que podemos fazer a este, cada vez mais forte, Bloco de esperança é continuar o nosso caminho, mostrando que somos capazes de cumprir as nossas obrigações e que, a conquista do poder, para nós não é senão o meio para alcançar aquilo que os nossos propósitos indicam:
Mais prosperidade
Mais paz
Mais liberdade
Mais igualdade para todos.
Para terminar esta saudação ao Bloco, no seu décimo aniversário, gostaria de citar os versos programáticos de Manuel Alegre, poeta de muitas resistências (o qual declarou: nem que fosse como sonho, teria de defender o seu quadrado) lembrando que, na qualidade de poeta, não é património de nenhum partido mas pertence sim e em absoluto, ao povo português:

Todo o poema é de rua. Todo o tempo é de combate.
E nada sei de poesia de laboratório:
faço o que escrevo. Escrevo o que faço.

Abraço que me abraça
bato em quem me bate.
Escrever para depois não sei escrever.
Meu tempo é hoje. Tudo o mais é não ser.



Carlos Alberto Correia

sexta-feira, 27 de março de 2009

A mulher no movimento associativo







É interessante, desde logo, recordar que o Associativismo se confronta, ao longo dos tempos, com uma história de opressão e, por isso, não surge do dia para a noite, nem em Portugal, nem em parte nenhuma. Por detrás desta palavra, a que corresponde um vasto campo de acção, há uma longa caminhada de lutas, de tentativas de afirmação, nos mais variados contextos de actuação em grupo, por oposição ao individualismo associado à supremacia do poder.

O Associativismo, nas suas múltiplas expressões e, em particular, nas colectividades de cultura, desporto e recreio, já representou uma poderosa força, pelo papel de intervenção na realidade social.

Em muitos casos, constituiu uma forma de participação cívica da maior relevância, correspondendo à única forma de acesso a actividades desportivas, culturais, recreativas ou de acção social.

Consagrado na Declaração Universal dos Direitos Humanos, na Convenção Europeia dos Direitos do Homem e na Constituição da República Portuguesa, de 1976, o Movimento Associativo persiste ainda hoje, um pouco por todo o nosso país.

A poucos dias da celebração do Dia Internacional da Mulher, será interessante determo-nos sobre a participação da mulher no Movimento Associativo.

Se, por um lado podemos afirmar que longe vão os tempos em que o papel da mulher incidia sobretudo na sua função de mãe, esposa e de dona de casa, por outro, podemos constatar que ela está hoje integrada em todas as áreas profissionais e do saber. Esta constatação leva-nos a afirmar que a mulher tem vindo a ganhar autonomia e afirmação progressivas.

Não há memória de que a mulher tenha tido momentos de grande afirmação no associativismo; podemos, no entanto, referir, a título de exemplo, alguns factos que nos conduzem à participação da mulher em actos de natureza cívica e, por isso também, nos movimentos associativos. Assim, em 1961, em Coimbra, instala-se uma forte controvérsia sobre o papel da rapariga universitária no quotidiano estudantil, numa atitude de questionamento e validação do feminino na posição a ocupar na sociedade portuguesa. Mais tarde, a participação das mulheres na crise de 65 e 69, orienta-se para uma progressiva naturalização da participação da mulher no conjunto da vida associativa.

Em Portugal, só em 2006 é promulgada a Lei da Paridade.

O caminho tem sido longo e, ainda hoje, a mulher está sujeita a velhas mentalidades que cerceiam a sua plena igualdade.

Pese embora, as grandes alterações operadas no pós 25 de Abril, podemos, sem grande dificuldade, constatar que, no movimento associativo, como noutros casos de participação cívica, a mulher teve sempre um papel de grande desigualdade, relativamente ao que sempre foi desempenhado pelo homem, muito particularmente em cargos directivos, tal como ainda acontece.

Não obstante isso, a presença da mulher é hoje uma realidade mais forte em contextos de afirmação de cidadania como seja em locais públicos de solidariedade social, em autarquias e outros locais de decisão política.


Março de 2009


Rosário Vaz

quinta-feira, 26 de março de 2009

O Projecto do Arco Ribeirinho Sul, riscos e oportunidades:







A Resolução do Conselho de Ministros nº 137/208 deu início ao processo de elaboração do projecto em questão, considerando-o prioritário e de elevada relevância nacional.



A intenção de construir uma abordagem integrada para o desenvolvimento do território que compreende directamente os concelhos de Almada, Seixal e Barreiro, enquadra-se na estratégia dos instrumentos territoriais PNPOT e PROTAML que consagram o desenvolvimento de uma cidade de duas margens, polinucleada, compacta e contida nos perímetros dos seus núcleos urbanos.



As decisões sobre o traçado da TTT do Tejo e a localização do NAL em Alcochete acentuam a necessidade e oportunidade de aproveitar o potencial do território do Arco Ribeirinho Sul, mais especificamente as substantivas áreas de utilização Industrial no passado, como a Margueira, a Siderurgia Nacional e o Quimiparque. A Requalificação e reconversão dos espaços em questão poderia vir a permitir a instalação das infra-estruturas industriais e comerciais de suporte ao novo Aeroporto afastando os inconvenientes de uma expressiva expansão urbanística na península, com a construção de uma eventual nova cidade aeroportuária na proximidade do Aeroporto e numa zona ecologicamente sensível.



A proposta de plano estratégico produzida pelo Grupo de Trabalho criado pela aludida RCM nº 137/208 não tem, naturalmente, nesta fase, todas as respostas nem um elevado grau de detalhe relativamente aos eixos de intervenção e os projectos estruturantes, até por que receberá ainda os contributos dos municípios, do debate político e esperemos dos cidadãos, no entanto existem questões que merecem reflexão e em momento útil ser respondidas.



A experiência da construção da Expo-98, agora parque das Nações, vai constituir um modelo de requalificação e revitalização urbanísticas?



A qualidade de alguns equipamentos culturais e de lazer, bem como a significativa transformação de uma área degradada e poluída não pode ser motivo para ignorar os erros cometidos e corrigi-los. O parque das Nações transformou-se num exemplar processo de gentrification. Uma zona da cidade habitada exclusivamente por classes sociais de elevado poder de compra, contribui, inevitavelmente para uma cidade de clivagens sociais, de exclusão e intolerância. A popularidade e apropriação dos equipamentos públicos de referência como o oceanário, o pavilhão do futuro, ou o pavilhão atlântico, ainda que constituam casos de sucesso pela sua utilização, em pouco contribuem para modificar o padrão de relação social dos moradores. De propósitos iniciais de requalificação social passou-se meramente a uma reconversão urbana. Construiu-se uma nova cidade, mas não se continuou a cidade existente, como infelizmente começa a ser moda em Portugal. Os equipamentos escolares e sociais eram até há bem pouco tempo uma dor de cabeça para os moradores. Pura e simplesmente não existiam. Será este um bom exemplo de requalificação de frentes ribeirinhas?

Que novas indústrias e serviços poderão vir a ser instalados nestes territórios? Que qualificação e conhecimento requerem os novos empregos a criar?



Os empregos a criar deverão representar uma oportunidade de alterar o modelo dos empregos de baixas qualificações e baixos salários. As empresas a instalar deverão produzir e ser detentoras de Know-how e capacidade de investigação.



O modelo de desenvolvimento económico do País não se alterará sem uma mudança no padrão das empresas. Contudo, deveremos criteriosamente conservar os centros de saber e experiência e modernizá-los. Extinguir os Alfaiates em favor dos Pronto-a-Vestir vai piorar a nossa situação, é só uma questão de tempo. Acresce que a tradição nestas comunidades, com elevado valor simbólico no mundo do trabalho, assenta no operário industrial especializado. No Arsenal do Alfeite, graças aos trabalhadores qualificados, ainda hoje produzimos lanchas com procura no mercado. Vamos desmantelar o Alfeite, que ainda hoje produz esta riqueza, para passar a produzir o quê?



Qual a relação na ocupação destas áreas ribeirinhas entre a habitação e as actividades económicas?



A decisão de que não deverão ocorrer encargos para o Estado em toda esta intervenção e de que a valorização do património público, isto é, os terrenos, deverá garantir a viabilidade económica do projecto, constitui um risco para o equilíbrio dos diferentes usos do solo. A excessiva densidade habitacional, à semelhança da Expo, poderá paradoxalmente agravar a sustentabilidade e a qualidade de vida das populações.



Que papel está reservado aos cidadãos e às associações na construção deste projecto?



Como alguém disse, o plano conta muito pouco, planear é tudo. A sustentabilidade da intervenção exige uma participação efectiva, além dos poderes centrais e locais, dos cidadãos e associações. Os habituais períodos de discussão pública têm um valor residual no envolvimento, informação e partilha de responsabilidades nos processos de regeneração urbana.



Que expressividade e profundidade terá no projecto a investigação histórica, sociocultural e científica do território?



A preservação da identidade e dos valores sócio culturais, prevista no documento, não deve constituir, meramente, o cumprimento uma espécie de requisito de qualquer projecto. A matriz encontrada deverá enformar todos os projectos estruturantes e acções. O Tejo e o seu património natural e histórico em redor têm um potencial inestimável, os estaleiros das naus das descobertas, a indústria dos biscoitos, do pão, da cerâmica, os percursos dos moinhos de maré, das salinas, os Caminhos de Ferro, o Complexo Industrial …



O Tejo que uniu o povo de cidades, províncias, países, continentes e civilizações, une também estes territórios do Arco Ribeirinho e seguramente que há-de corporizar um equipamento de referência, inovador, polinucleado, com valências diversas e complementares, como aquele que é apresentado na proposta de Plano Estratégico do Projecto do Arco Ribeirinho Sul.

O Centro Científico e Cultural do Tejo poderá ser esse equipamento de Referência.



Esta proposta está ser debatida e ocorrerá no dia 16 de Maio no Barreiro no Auditório da Biblioteca Municipal uma conferência aberta intitulada “ O Tejo, uma ponte entre o passado e o futuro”



Humberto Candeias Deputado pelo Bloco de Esquerda na Assembleia M. do Barreiro

terça-feira, 24 de março de 2009

O Tejo em todas as suas dimensões






A proximidade de Lisboa tem feito mal ao Barreiro. Tornou-o provinciano e parente pobre dos luzeiros da grande urbe. Olhando para dentro e miopemente foi deixando que a grande vizinha lhe levasse tudo e todos quantos da mediania pretendiam sair. E foi-se sociologicamente empobrecendo num deixa andar mole e entorpecente. É certo que motivos políticos e outros foram-se, para mal dos nossos pecados, muitas vezes conjugando. Mas se isso é verdade, não desculpa a torpe aceitação da menoridade a que alguns quiseram condenar-nos. Faltou, em muitas ocasiões, foi a vontade de partir a loiça e de dizer a mandadores de mandadores, que já bastava o que bastava, e que quem geria os nossos destinos era a nossa vontade. Seria difícil, porventura, mas era necessário.

Por isso fomos andando, perdendo peso e população, vendo a juventude procurar o futuro do outro lado do rio.

No entanto, nos longes do tempo, quando quis e olhou para além do seu umbigo, o Barreiro soube ser grande e deixar a sua marca na História. Bastou-lhe olhar para fora, não deixar que Lisboa se interpusesse no seu caminho e gritar as suas competências e possibilidades. Fê-lo na Idade Clássica por entre os rios, na Renascença com os descobrimentos, no Iluminismo com os vidros, na época do vapor com as fábricas de cortiça e caminhos-de-ferro e, já mais perto, com o marco químico da CUF.

Em todos os momentos de grandeza existiu sempre uma constante: a premente presença do Tejo e a suave insinuação do Coina!

Um rio pode ser um obstáculo ou um traço de união entre as duas margens. Depende apenas das pontes que se lancem. Neste momento, parece ser a segunda hipótese a prevalecer com a previsível construção da Terceira Travessia. É uma oportunidade que não poderemos perder e que terá de concitar todas as boas vontades no mesmo sentido. Que, como é triste hábito, querelas antigas tantas vezes sem sentido, não venham a atravessar-se, por duvidosas contabilidades sectárias, na possibilidade de realização desta obra. Podemos estar num momento fulcral para abater a apagada e vil tristeza do nosso viver. A construção do Aeroporto, a plataforma logística do Poceirão, agregada à já referida ponte, pode ser o impulso que faltava para acordar o velho urso da sua hibernação.

De qualquer modo isto só será uma parte do a fazer. Por muita utensilagem material de que disponha, nenhum homem, nenhuma sociedade, se afirmará e tornará credível sem o substrato cultural que confira significado a esses meios. Caso o não possuam poderão parecer tão risíveis como as ridículas ostentações de novos-ricos destituídos das medidas das proporções, logo excessivos nas demonstrações públicas de riqueza.

Por isso, tendo em conta as modificações estruturantes que estão a caminho, e que irão deixar livre todo o espaço da antiga estação de comboios e da actual estação fluvial, mais as ferrovias adjacentes, espera-se, com profunda esperança, que para as mesmas não esteja reservado o triste destino de serem alienada a interesses de construtoras e similares semeadoras, a esmo, de toscos betões e possam ser reservados para instituições que melhor projecção confiram ao Barreiro.

Sem querer fazer deste objectivo monopólio da qualquer força política – até porque a sua consecução dependerá de todas e de mais boas vontades da sociedade civil - não posso deixar de referir que, no momento, na Concelhia do Bloco de Esquerda do Barreiro, se trava, com especialistas de várias disciplinas, um debate sobre o aproveitamento desses espaços para estabelecimento de um Centro Cultural e Científico do Tejo, com ambições de instituto nacional.

Fundamenta esta ideia o facto, já anotado, de ter sido o Barreiro, em várias épocas histórica, o fulcro do desenvolvimento senão do país, pelo menos do sul, sempre centrado na auto-estrada para o mundo que o Tejo é. A notável percepção do arco ribeirinho, como pólo de desenvolvimento, acrescenta estas possibilidades e fá-las mesmo sentirem-se como inadiáveis para a consecução de um projecto de vertentes materiais, sociais e culturais que a cidade merece.

O conceito que estudamos engloba toda a região banhada pelo Tejo bem como a concentração temática de zonas de visionamento, estudo, pesquisa e acção dos períodos em que toda esta região influenciou positivamente os destinos pátrios. Núcleos museológicas sobre os descobrimentos, as cortiças, as ferrovias, o sal, os moinhos, o bacalhau, o vidro, etc. coexistiriam com bases de dados, para investigações, ligadas a estas matérias. As artes performativas e plásticas deveriam ter ali, também, poiso adequado. Assim seria possível que as necessidades de estudos, ao mais alto nível, e os olhares interessados de quantos fazem do conhecimento o seu mister, descobrissem o Barreiro como ilha de saberes do passado e do futuro sobre este Tejo de inenarráveis possibilidades e dimensões.

E as questões económicas??!!

Façam-me o favor de perguntar a Madrid, Barcelona, Paris, ou a cidades mais ao nosso nível como Verona ou Bolonha, qual é a rentabilidade das suas instituições científico-culturais.

São capazes de vir a ter uma surpresa!

A proximidade de Lisboa tem feito mal ao Barreiro. Tornou-o provinciano e parente pobre dos luzeiros da grande urbe. Olhando para dentro e miopemente foi deixando que a grande vizinha lhe levasse tudo e todos quantos da mediania pretendiam sair. E foi-se sociologicamente empobrecendo num deixa andar mole e entorpecente. É certo que motivos políticos e outros foram-se, para mal dos nossos pecados, muitas vezes conjugando. Mas se isso é verdade, não desculpa a torpe aceitação da menoridade a que alguns quiseram condenar-nos. Faltou, em muitas ocasiões, foi a vontade de partir a loiça e de dizer a mandadores de mandadores, que já bastava o que bastava, e que quem geria os nossos destinos era a nossa vontade. Seria difícil, porventura, mas era necessário.

Por isso fomos andando, perdendo peso e população, vendo a juventude procurar o futuro do outro lado do rio.

No entanto, nos longes do tempo, quando quis e olhou para além do seu umbigo, o Barreiro soube ser grande e deixar a sua marca na História. Bastou-lhe olhar para fora, não deixar que Lisboa se interpusesse no seu caminho e gritar as suas competências e possibilidades. Fê-lo na Idade Clássica por entre os rios, na Renascença com os descobrimentos, no Iluminismo com os vidros, na época do vapor com as fábricas de cortiça e caminhos-de-ferro e, já mais perto, com o marco químico da CUF.

Em todos os momentos de grandeza existiu sempre uma constante: a premente presença do Tejo e a suave insinuação do Coina!

Um rio pode ser um obstáculo ou um traço de união entre as duas margens. Depende apenas das pontes que se lancem. Neste momento, parece ser a segunda hipótese a prevalecer com a previsível construção da Terceira Travessia. É uma oportunidade que não poderemos perder e que terá de concitar todas as boas vontades no mesmo sentido. Que, como é triste hábito, querelas antigas tantas vezes sem sentido, não venham a atravessar-se, por duvidosas contabilidades sectárias, na possibilidade de realização desta obra. Podemos estar num momento fulcral para abater a apagada e vil tristeza do nosso viver. A construção do Aeroporto, a plataforma logística do Poceirão, agregada à já referida ponte, pode ser o impulso que faltava para acordar o velho urso da sua hibernação.

De qualquer modo isto só será uma parte do a fazer. Por muita utensilagem material de que disponha, nenhum homem, nenhuma sociedade, se afirmará e tornará credível sem o substrato cultural que confira significado a esses meios. Caso o não possuam poderão parecer tão risíveis como as ridículas ostentações de novos-ricos destituídos das medidas das proporções, logo excessivos nas demonstrações públicas de riqueza.

Por isso, tendo em conta as modificações estruturantes que estão a caminho, e que irão deixar livre todo o espaço da antiga estação de comboios e da actual estação fluvial, mais as ferrovias adjacentes, espera-se, com profunda esperança, que para as mesmas não esteja reservado o triste destino de serem alienada a interesses de construtoras e similares semeadoras, a esmo, de toscos betões e possam ser reservados para instituições que melhor projecção confiram ao Barreiro.

Sem querer fazer deste objectivo monopólio da qualquer força política – até porque a sua consecução dependerá de todas e de mais boas vontades da sociedade civil - não posso deixar de referir que, no momento, na Concelhia do Bloco de Esquerda do Barreiro, se trava, com especialistas de várias disciplinas, um debate sobre o aproveitamento desses espaços para estabelecimento de um Centro Cultural e Científico do Tejo, com ambições de instituto nacional.

Fundamenta esta ideia o facto, já anotado, de ter sido o Barreiro, em várias épocas histórica, o fulcro do desenvolvimento senão do país, pelo menos do sul, sempre centrado na auto-estrada para o mundo que o Tejo é. A notável percepção do arco ribeirinho, como pólo de desenvolvimento, acrescenta estas possibilidades e fá-las mesmo sentirem-se como inadiáveis para a consecução de um projecto de vertentes materiais, sociais e culturais que a cidade merece.

O conceito que estudamos engloba toda a região banhada pelo Tejo bem como a concentração temática de zonas de visionamento, estudo, pesquisa e acção dos períodos em que toda esta região influenciou positivamente os destinos pátrios. Núcleos museológicas sobre os descobrimentos, as cortiças, as ferrovias, o sal, os moinhos, o bacalhau, o vidro, etc. coexistiriam com bases de dados, para investigações, ligadas a estas matérias. As artes performativas e plásticas deveriam ter ali, também, poiso adequado. Assim seria possível que as necessidades de estudos, ao mais alto nível, e os olhares interessados de quantos fazem do conhecimento o seu mister, descobrissem o Barreiro como ilha de saberes do passado e do futuro sobre este Tejo de inenarráveis possibilidades e dimensões.

E as questões económicas??!!

Façam-me o favor de perguntar a Madrid, Barcelona, Paris, ou a cidades mais ao nosso nível como Verona ou Bolonha, qual é a rentabilidade das suas instituições científico-culturais.

São capazes de vir a ter uma surpresa!


Carlos Alberto Correia

segunda-feira, 23 de março de 2009

REQUALIFICAÇÃO DE ESPAÇOS DEGRADADOS







Considerando a situação degradante do pátio traseiro à Junta de Freguesia, e que o mesmo

1. funciona como parque de estacionamento automóvel, sem regras,


2. conserva algumas floreiras em pedra que mais não são do que
recipientes de lixos variados,



3. mantém, desde há mais de dois anos, um muro escorado e em risco de
2ª derrocada, junto a um depósito de abastecimento de gás e a um parque
de estacionamento automóvel da Câmara Municipal do Barreiro,

4. apresenta um espaço árido, que serve aos moradores dos prédios envolventes,
para resolução incontrolada das necessidades fisiológicas dos seus animais
de estimação,


propõe-se que se transforme o referido espaço numa zona agradável e higiénica, arrelvada, de árvores cuidadas, paredes e ou muros pintados e as floreiras reactivadas nas suas verdadeiras funções.



Reunião da Assembleia de Freguesia, 24/3/06 - BE


PROPOSTA REJEITADA, COM OS VOTOS CONTRA DA CDU
Rosário Vaz

sábado, 21 de março de 2009

Os Especialistas em Gestão Autárquica




Começam a ser evidentes na Assembleia Municipal do Barreiro as dificuldades da CDU em aceitar a diferença de opinião ou respeitar quem pensa pela sua própria cabeça.

Vem isto a propósito de uma elevadíssima intervenção do Deputado Rui Ferrugem na última sessão da A.M. no dia 21/12/2006, em que por entre insultos repetidos, com a benevolência do Presidente da Mesa da Assembleia, reafirmava teatralmente do alto da sua ilustre sapiência:
“Não sabe nada de Gestão Autárquica!”
Dirigindo-se à minha pessoa no momento em que no exercício das funções de deputado municipal eu fazia uma intervenção sobre a necessidade de acabar com o compadrio político e de aumentar a vigilância democrática da Assembleia Municipal sobre as nomeações para cargos directivos na Câmara.

Quem realizava uma avaliação sobre os conhecimentos de Gestão com tempos e instrumentos tão escassos só poderia ser um mestre ou um verdadeiro guru na área, pensei eu para com os meus botões.

Um breve exercício de memória ajudou-me a colocar o Sr. Deputado Rui Ferrugem, ex- vereador, bem como a CDU-Barreiro, na lista das entidades mais experientes na Gestão Autárquica barreirense, com mais de um quarto do século de responsabilidades nesta área.

Infelizmente para os barreirenses a experiência em gestão autárquica não é um bem em si mesmo. O que conta são os resultados. E esses estão patentes em quase todos os discursos do actual presidente da Câmara. Quando se lamenta e faz um retrato negro da realidade do Concelho, está a retratar, em grande medida, os resultados da eminente gestão CDU-Barreiro de 28 anos.

Quando se queixa de um território deprimido, isolado, desordenado, com debilidade nas infra-estruturas, com escassez de património para alienar, do endividamento, das más instalações da Câmara Municipal, está-se a queixar, embora não se dê conta, dessa brilhante Gestão dos seus pares de 28 anos.

Tenho de concordar com o ilustre deputado Rui Ferrugem ao afirmar que não percebo nada deste tipo de gestão.

Ele e a CDU-Barreiro são os brilhante especialistas de Gestão neste Concelho.

O Deputado Municipal do Bloco de Esquerda Humberto Candeias




quinta-feira, 19 de março de 2009

Ver para crer…um olhar de esquerda





Têm-se mostrado como muito interessantes e produtivas as visitas já efectuadas nas Freguesias de Coina, Palhais, e Stº António. Na perspectiva de continuar e aprofundar o diálogo com instituições marcantes das nossas freguesias, chegou, no próximo dia 20, a vez da Freguesia do Barreiro.

O horário das reuniões será o seguinte:
15,00 Horas – Escola Alfredo da Silva
16,00 Horas – Penicheiros
16,30 Horas – Junta de Freguesia
17,30 Horas - Franceses

A Concelhia do Barreiro agradece desde já a atenção dispensada por estas instituições afirmando o seu compromisso para, no seu âmbito, exercer o melhor das suas competências em prol do bem-estar da nossa população.

Conferência sobre o Tejo






No próximo dia 23, a Coordenadora Concelhia do Barreiro, reunirá com camaradas de outras concelhias ribeirinhas, para análise da Conferência sobre o Tejo. Como já foi transmitido, esta iniciativa tem por objectivo a criação de um Centro Cultural do Tejo, multidisciplinar, onde possa mostrar-se e estudar o relevante papel que esta região tem desempenhado no desenvolvimento e progresso do país, sem perder de vista que o estudo do passado pouco é se não for redireccionado para o presente e o futuro.

Comunicado - Câmara Municipal do Barreiro





A Câmara Municipal do Barreiro apresentou no dia 1 de Março uma candidatura ao QREN no domínio dos “Programas integrados de valorização de áreas urbanas de excelência, inseridas em centros históricos”. A apresentação de candidaturas decorreu entre 3 de Novembro de 2008 e 2 de Março de 2009. Esta candidatura da responsabilidade da CMB, de importância por todos reconhecida, tendo em conta não só a dimensão financeira do co-financiamento do FEDER, que poderá atingir 3.500.000 €, mas também o abandono a que tem estado votado o Barreiro velho, descurou o envolvimento da população local na preparação do Programa de Acção do projecto.

As opções políticas legítimas da CDU em matéria do seu conceito de participação, baseado em momentos de proximidade e propaganda junto das populações, não se coadunam com a exigência dos objectivos destas candidaturas que exigem o reforço efectivo da participação dos cidadãos.

A pompa e circunstância da criação do Conselho para a Reabilitação e desenvolvimento do Barreiro Antigo e das recentes Opções participadas sobre o Barreiro Velho, realizadas no dia 14 de Março, passaram completamente ao lado da preparação do programa de Acção de uma candidatura de rara oportunidade e alcance.

A situação é preocupante, não apenas pela redução do potencial da candidatura, devido à opção de não ter dado oportunidade aos cidadãos de participar na preparação do Programa de Acção do Projecto, mas também pelo facto de na selecção das candidaturas, um dos critérios ser precisamente o grau de envolvimento dos parceiros e populações locais na preparação do Programa de Acção e na sua implementação.

Esperemos que os barreirenses não venham a ser penalizados pelo conservadorismo e centralismo da CDU com a preterição desta candidatura a favor de outros Concelhos que tenham reservado aos cidadãos um papel verdadeiramente efectivo na governação urbana.

Temos vindo regularmente a incentivar a CMB a melhorar as metodologias de participação e planeamento destes projectos, nomeadamente na nossa intervenção na Assembleia Municipal, mas os velhos hábitos persistem em impor-se na CDU.

Abriram no dia 16 de Março as candidaturas aos “Programas integrados de requalificação e inserção de bairros críticos onde a situação social e económica ou a degradação urbana justifiquem uma intervenção especial” e terminam em 31 de Maio de 2009.

Será que desta vez…

17 de Março de 2009 A concelhia do Barreiro do Bloco de Esquerda