domingo, 18 de abril de 2010



Como Fomentar a Participação na Vida Social e Política do Barreiro



O que podemos fazer para cativar a participação dos jovens na vida político-social do Barreiro, quando os “adultos”, normalmente mais sábios e experientes, também não acreditam neste sistema, nem procuram achar meios de o fazer? Encontrar uma resposta é fácil, difícil é encontrar o modo ou os meios que nos levem à resolução do problema.

A resposta à pergunta é simples.

Porque cada vez mais a frequência do ensino superior é um privilégio e não um direito de todos, porque a acção social das universidades, para além de ser escassa, também tarda em chegar, porque os poucos que se conseguem licenciar mal conseguem encontrar emprego e aqueles que o conseguem é normalmente precário, caindo facilmente no desemprego, juntando-se àqueles que, entretanto, já tinham ficado para trás devido a dificuldades económicas , são algumas das razões que encontrei.

A estes problemas somam- se as dificuldades dos jovens casais em encontrar a primeira habitação , seja por exigências bancárias bastante grandes ou seja pela inexistência de um mercado de arrendamento eficaz; tudo isto dificulta e adia o processo de emancipação dos jovens que fazem da casa dos seus pais um porto de abrigo permanente. Muitos são os jovens que tentaram a sua emancipação mas, devido a todas estas condicionantes, tiveram que regressar a casa dos pais.

Então, perante uma lista tão longa de problemas, que dizem respeito aos jovens e que mais cedo ou mais tarde os vão afectar, por que é que os jovens não participam na vida política e social do Barreiro?

Porque a classe política não está a cumprir os seus deveres e os programas eleitorais não são cumpridos; é que neles estão propostas muitas medidas que poderiam resolver tais problemas mas que, depois do acto eleitoral, vão para a gaveta do esquecimento.

Em vez de estimular o debate, tentar consciencializar os jovens, discutir temas importantes da vivência das pessoas, os políticos ocupam o tempo a olhar para o seu próprio umbigo, a cortar fitas de projectos com pouco impacte real na vida das pessoas, a sabotar iniciativas de partidos opositores porque, como o próprio nome bem indica, são contrários, logo todas as ideias que não partem da iniciativa dos mesmos não têm mérito nem propósito. Isto para já não falar em lutas fratricidas de poder.

Depois do que avancei até agora e perante este cenário, como é que alguém pode ter o mínimo interesse em intervir na vida politica e social de uma cidade, onde a classe politica que temos faz tudo, menos….politica!

Eles criticam, insultam, até gritam, mas ter debates concretos sobre o que afecta a população isso não os preocupa.

O desinteresse dos jovens é apenas mais um reflexo da descredibilização politica que afecta a sociedade, transversalmente, e que, em muitos casos, leva a que a mesma seja passada de geração em geração.

A maneira de fomentar a participação dos jovens na vida política e social do Barreiro é através de debates, colóquios, acções de sensibilização junto das escolas e outros espaços “jovens”.O timing da quinzena da juventude a decorrer neste mês de Março no Barreiro é particularmente interessante, mas essa discussão não pode ser condicionada a apenas dois temas que, ainda por cima, têm uma importância já de si um pouco limitada , pois há temáticas muito mais pertinentes e mais importantes para a juventude do Barreiro, embora tenha aquilo que é mais apelativo aos jovens (concertos, concursos, teatro, etc). É sintomático que um executivo camarário, que só se lembra dos jovens uma vez ao ano, mostre assim o seu interesse pela juventude do seu concelho. Falar de violência no namoro é um tema importante, mas mais importante é discutir a violência como um todo.

Como alguém me costuma dizer, a luta no antigamente era mais fácil por uma única razão: havia um inimigo claramente definido. Hoje, na sociedade em que vivemos, o inimigo não é claro, move-se habilmente, controlando a perspectiva que as pessoas têm da vida real, aproveitando o crescimento das tecnologias de informação (internet, redes sociais, etc) para filtrar, condicionar e até mesmo baralhar as ideias. No fundo é dividir para reinar.

André Antunes

Membro da Concelhia do BE-Barreiro

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