sexta-feira, 23 de abril de 2010


25 de Abril Sempre!

Dirijo os meus cumprimentos e saúdo o público presente, o Sr. Presidente da Assembleia Municipal, o Sr. Presidente da Câmara Municipal, as senhoras Vereadoras e senhores Vereadores, as senhoras deputadas e senhores deputados municipais, as trabalhadoras e trabalhadores presentes da Câmara Municipal e da Assembleia Municipal, senhoras e senhores jornalistas.

Sensação nova, esta, a de estar aqui reunido convosco, não para discutir, argumentar e decidir sobre os caminhos da nossa vida colectiva, mas para celebrar o 25 de Abril e a libertação de um povo e um País amordaçados.

Todas as manifestações populares e institucionais de celebração do 25 de Abril são motivo de alegria, mas consideramos que é aqui, nesta Assembleia, constituída pelos representantes eleitos das mais diversas forças políticas que a celebração melhor se eleva face à ditadura, pela consagração dos valores democráticos do pluralismo e liberdade de expressão.

Vivemos um período ímpar da História. Alguns de nós tiveram o privilégio de viver e fazer a revolução. A liberdade e a democracia foram assim conquistadas pelo esforço, sacrifício e determinação de muitos cidadãos com ou sem partido. Não aconteceram por acaso. É verdade que a democracia é de todos, mas hoje é justo reconhecer e agradecer aos que tiveram a coragem de lutar e sacrificar-se por ideais. Obrigado!

A memória não é uma espécie de baú onde se guardam os registos de uma época.

A memória é a base da nossa consciência individual e colectiva. Um País e um povo que cresçam desmemoriados, não sabem quem são, não se conhecem e dificilmente poderão sonhar em construir um futuro com significado.

Temos essa responsabilidade de manter vivo um património incomensurável de resistência e luta pela consagração dos direitos cívicos, sociais e políticos.

A nossa experiência revolucionária é uma marca cultural que não podemos deixar apagar nesta Europa parametrizada e liofilizada.

Nós sabemos como os movimentos e as aspirações legítimas das populações derrubam as ordens legais iníquas que garantem o controlo social e a manutenção do sistema aos potentados económicos, como por exemplo os sistemas políticos ditatoriais ou as grandes multinacionais.

Nós somos capazes de construir o nosso destino!

Num momento de forte pressão sobre os cidadãos mais vulneráveis social e economicamente, como os desempregados, reformados e os beneficiários do RSI, a resposta à crise que vivemos actualmente, não pode tergiversar.

Os trabalhadores não são os responsáveis por esta crise.

As soluções neoliberais que advogam restrições aos direitos alcançados com o 25 de Abril para supostamente responder à actual crise são inadmissíveis.

Não é admissível que se preveja o pagamento de salários abaixo do valor do Salário Mínimo Nacional!

Não é admissível que se confundam direitos, como o acesso ao subsídio de desemprego, considerando-o uma benesse!

Não é admissível que o Sistema Nacional de Saúde e a Educação Pública se transformem nos serviços mínimos dos mais pobres!

A celebração do 25 de Abril e os seus ideais cumprem-se, quando hoje, face às circunstâncias sociais e políticas concretas somos capazes de identificar e combater com coragem e eficácia as injustiças, as prepotências e as violações dos direitos, venham de onde vierem.

A coragem de mudar que honra o 25 de Abril também deve estender-se aos partidos políticos, esteios na construção da nossa Democracia, colocando acima das conveniências, das fidelidades aos grupos e às suas normas, a consciência e liberdade individual.

Barreiro, 21 de Abril de 2010

O Grupo Municipal do Bloco de Esquerda

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