domingo, 29 de março de 2009

Saudação ao Bloco




Mandatou-me a Concelhia do Barreiro para, em seu nome, trazer aqui uma saudação e um abraço de felicitações pelo décimo aniversário do Bloco de Esquerda.

Habituado pela resistência a servidões várias e antigas, sou de verbo mais acre que suave, mais propenso à crítica que ao elogio. No entanto, uma ocasião tão especial quanto esta exige que consigamos ultrapassar as nossas limitações pessoais, para sermos merecedores de comparticipar o êxito que tem sido o percurso do Bloco, desde a sua fundação, até ao dia de hoje.

Lembremo-nos que o seu caminho passou do improvável ao possível, do possível ao plenamente existente.

Fundado em plena torrente das sequelas do liberalismo de ferozes thatchers e reagans, primeiro, de inefáveis bushs (pai e filho) posteriores, o incerto conseguimento tornou-se acto. Assim, ultrapassando de modo firme os antagonismos ideológicos de uma esquerda fragmentada e frágil, percebendo que a igualdade se faz com a aceitação das diferenças, avançou a utopia de que a unidade na diversidade seria possível.

Sabemos que pouca gente levou a sério esta tentativa. Mas o arrojo da ideia, como vimos, não só tinha pernas para andar, como tem vindo a fortalecer-se ao longo do caminho.

Por isso o Bloco aparece, nestes tempos difíceis e perigosos, a cada vez mais gente, como a esquerda de confiança em que depositam as suas esperanças de uma vida melhor, de uma democracia autêntica, de uma sociedade mais justa.

Merecemos, camaradas, essa confiança pelos dez anos de incansável luta em prol dos mais desprotegidos.
Por isso, para desespero daqueles que disfarçando o seu receio por esta coisa inteiramente nova – que não compreendiam nem aceitavam – e demonstravam o seu menosprezo apodando-nos de “esquerda caviar”, o povo deste país dá resposta inequívoca aderindo às nossas propostas, revendo-se nelas e aumentando o seu apoio ao nosso partido.

Deste modo aproximamo-nos a passos largos das mais altas esferas do poder. A melhor saudação que podemos fazer a este, cada vez mais forte, Bloco de esperança é continuar o nosso caminho, mostrando que somos capazes de cumprir as nossas obrigações e que, a conquista do poder, para nós não é senão o meio para alcançar aquilo que os nossos propósitos indicam:
Mais prosperidade
Mais paz
Mais liberdade
Mais igualdade para todos.
Para terminar esta saudação ao Bloco, no seu décimo aniversário, gostaria de citar os versos programáticos de Manuel Alegre, poeta de muitas resistências (o qual declarou: nem que fosse como sonho, teria de defender o seu quadrado) lembrando que, na qualidade de poeta, não é património de nenhum partido mas pertence sim e em absoluto, ao povo português:

Todo o poema é de rua. Todo o tempo é de combate.
E nada sei de poesia de laboratório:
faço o que escrevo. Escrevo o que faço.

Abraço que me abraça
bato em quem me bate.
Escrever para depois não sei escrever.
Meu tempo é hoje. Tudo o mais é não ser.



Carlos Alberto Correia

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