quinta-feira, 11 de março de 2010


PARADOXOS(?)

No passado mês de Janeiro, do presente ano, tive oportunidade de assistir, na Biblioteca Municipal do Barreiro, a um Colóquio, em boa hora, levado a cabo pela Escola Secundária de Sto André, do Barreiro.

A temática era “Identidade e Condição Docente, Aqui e Agora” e os oradores o Dr. Victor Cotovio e o Prof. Santana Castilho.

Apesar de já aposentada, senti-me muito confortada porque pude experimentar uma sensação que há muito não tinha, a de que a Escola e os seus actores-protagonistas voltavam, naquele dia, a ser o centro da dignidade que merecem.

No passado fim de semana, por iniciativa do Bloco de Esquerda, na CULTRA – Cooperativa do Trabalho e do Socialismo – fui, de novo, obsequiada com uma Conferência proferida, no Liceu Camões, por António Nóvoa, essa figura impar das Ciências da Educação, em Portugal, o professor-pedagogo, o investigador, o escritor que tem dado à luz uma larga produção escrita, no âmbito do Ensino-Educação.

A sala encheu-se num lapso de tempo e o silêncio fez-se ouvir na sala. Porquê?

Porque António Nóvoa trouxe àquela palestra os ingredientes necessários à verdadeira essência do que é ser professor.

“Já tinha saudades de ouvir falar destas coisas”, desabafava uma das professoras presentes, num entusiasmo que não conteve.

Num breve percurso, foi trazendo às nossas memórias, conceitos que vão da “Escola Popular” à “Escola Única”, passando pela “Escola Nova” até à “Escola Democrática” e à actual “Escola Pública”.

António Nóvoa, o que fez foi, durante algum tempo, falar da Escola humanizada e centrada na pedagogia, o que o levou a recordar nomes como o de António Sérgio, Claparède, Gaston Bachelard, entre outros, que deixaram de ter lugar nas escolas de hoje.

Mas não são as nossas escolas, hoje, mais modernas, porque mais à frente nas novas tecnologias, no trabalho de projecto, no constante apelo à burocratização do trabalho do professor, etc, etc, etc?!

Ninguém duvidará de que sim, que tudo isso acontece nas escolas dos nossos dias, mas valerá a pena perguntar, e os alunos e professores são felizes nas suas escolas?

A pergunta fica, mas, por tudo o que sei e aquilo a que todos temos assistido, a minha convicção é de que não e essa é a grande falha para uma Escola de sucesso!

ROSÁRIO VAZ

Deputada Municipal do Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal do Barreiro

Membro da Concelhia do BE-Barreiro

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