quarta-feira, 29 de abril de 2009

Centro Cultural e Cientifíco do Tejo





Agendámos para 16 de Maio, das 10,00 horas até às 17,00, na Biblioteca Municipal do Barreiro, o seminário “ Os caminhos do Tejo”.

Esta iniciativa inscreve-se na recuperação do valor que o Rio teve e tem, na história, na economia e na cultura, não só da Região Ribeirinha, como nos seus reflexos nas ordenações territoriais e económicas do País.

Começámos assim por contactar com um variado grupo de especialistas em história, geografia, arquitectura, economia, sociologia, antropologia, engenharia, etc., perguntando-lhes o seu ponto de vista sobre a realidade do rio e das suas populações ao longo do tempo, bem como qual seria a sua visão para o futuro.

Dessas conversas resultou a ideia de avançar com a criação de um Centro Cultural e Científico do Tejo. O conceito central seria o de, a partir de núcleos museológicos vivos – ex: Navegação e Descobrimentos; Corticeiro; Ferroviário; Industrial e ambiente – chegarmos a um Centro de Informática e Documentação que viesse a centralizar o conhecimento produzido na e para a zona dos Rios Coina e Tejo.

O projecto embora ambicioso é conseguível. Basta, para tanto, que, ultrapassando o círculo sempre restrito do nível partidário, soubéssemos abrir esta iniciativa às forças vivas da comunidade.

Foi o que fizemos. Aprofundámos e ampliámos os contactos com os especialistas e orientámo-nos para o seminário acima anunciado, onde, esperamos, novos contributos venham a ser dados para a consolidação deste empreendimento sociocultural que, senão pela sua génese, pela sua prossecução será património, assim o cremos, de todas as comunidades ribeirinhas.

Sobre a constituição das mesas e painéis do seminário, daremos, brevemente, notícias.

terça-feira, 28 de abril de 2009

PROTESTO








A total ausência de público nas Assembleias de Freguesia é uma realidade que se tem constatado, desde o início do actual mandato autárquico, até à presente data.

Em 28 de Dezembro de 2006, a Assembleia de Freguesia do Barreiro aprovou uma proposta de descentralização das reuniões do referido órgão, apresentada pelo Bloco de Esquerda.

Porque passados dois anos, nada se tinha alterado relativamente à moção aprovada, nem tinha sido dada qualquer explicação sobre o facto, a eleita do Bloco de Esquerda pediu esclarecimento sobre o assunto em questão.
Foi respondido, pelo Sr. Presidente da Assembleia de Freguesia, que ainda não tinha sido encontrado local compatível com o uso dos meios informáticos utilizado nas reuniões.

Agora, que estamos a poucos meses do final deste mandato autárquico, sem que a proposta aprovada tenha sido levada à prática, o Bloco de Esquerda conclui que, à prática da transparência e do exercício da democracia, se sobrepuseram obstáculos de mero carácter burocrático.

Assim, em reunião da Assembleia de Freguesia de 27 de Abril de 2009, o Bloco de Esquerda apresenta o protesto veemente pela notória falta de cumprimento na execução prática da proposta aprovada, num manifesto incumprimento das regras democráticas.


B.E
Rosário Vaz


Barreiro, 27 de Abril de 2009


Proposta não aprovada pela maioria!!!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

o que sei de abril em nós





I

não há razões perfeitas nem este é um mundo completo
desconheço amor onde o afecto igualmente se mantenha
nem sei de horários sempre desejáveis

o que sei é um saber de coisas por saber lançadas na minha descoberta

por isso hoje em abril na escola alfredo da silva
com a arma das palavras e o sentido da cantiga
recordo o tempo em que esperava ver surgir esta nação

II

viemos expor-nos nas palavras e traçar o quadro do percurso
meteoritos descendo sobre a terra e produzindo rápida claridade
viemos de passagem falámos da viagem

nem todas as fontes iniciam rios mas todos os rios nascem de uma fonte

importante é que deixem no seu rasto de águas renovadas
o caminho vegetal da alegria

assim em abril as coisas acontecem além das intenções e
pensar que é possível parar o movimento é como
tapar com panos pretos as janelas
para cortar o dia

que a revolução é sentimento de mudança
há muito arquitectada no coração das gentes
mais que um corpo é paixão
mais descoberta que sempre

quero dizer
fazer a revolução é diferente de criar uma liturgia

que em abril semente de actos novos em campos de imprevisto
não se admitem tréguas nem hipóteses
mas um corpo de mulher por sobre as ondas
para o qual as nossas vidas tendem



III

suponhamos que num acaso que nada deve ao acaso
se abriam nas janelas rasgos de verdades e deslumbrados
nos olhos surgia uma cidade que sendo a mesma outra transparecia

pensemos um dia em que por cima do sorriso
os homens prolongassem em festa a primavera que andava recolhida
e súbita rebentasse em seiva de flores
por sobre os aços

imaginemos o momento de tudo ser possível
mesmo a bandeira do vento no rubro da paixão
então

era uma vez um povo com um rio carregado de tristeza
era uma vez uma pátria de marinheiros e sem navios
que plantara uma praia inteirinha de viúvas com olhos de gaivotas
e coração de rocha

era uma vez um povo com a noite sobre a nuca
era uma vez um frio

IV

não há razões perfeitas nem este é um mundo completo
e estamos de passagem
só o povo flui constantemente se conserva e é diferente
nós somos uma parte da viagem
um porto a encontrar

juntos aqui em abril tentemos
o novo passo a dar


Carlos Alberto Correia

Saudação ao 25 de Abril








Ao comemorar os 35 anos do 25 de Abril, não podemos deixar de constatar que se encontram por cumprir muitos dos seus ideais.

Os progressos no desenvolvimento e democracia sabem a pouco para quem sonhou um novo País.

O futuro incerto de milhares de jovens que tardam em encontrar um emprego que satisfaça as suas aspirações de realização, a violência e terror do desemprego que paralisam uma sociedade, a pobreza instalada, a nova pobreza, a persistência na desigualdade no acesso a bens e serviços não pertencem aos valores do 25 de Abril de 1974.

Como o 25 de Abril, mais do que um momento de mudança de poder político, marca o início de um processo revolucionário popular, com várias vicissitudes ao longo dos anos, devemos ainda hoje continuá-lo para que os seus sonhos não tenham sido ilusões.

A crise, a actual famosa crise, que nos cerceia as condições fundamentais para o exercício dos direitos económicos, sociais e políticos adquiridos com a revolução, constitui um argumento perigoso para a vida democrática iniciada há 35 anos.

Estar à altura dos protagonistas do movimento popular do 25 de Abril obriga-nos a agir hoje contra a corrupção e a injustiça social. A lição do 25 de Abril é uma lição de mudança.

Cumprir e ser fiel ao 25 de Abril hoje mais do que um exercício de memória, consubstanciado em cerimónias formais pelos actuais representantes dos poderes executivos, é ter a coragem de mudar e agir contra os interesses instalados.

Assim, a Assembleia Municipal do Barreiro, reunida a 17 de Abril de 2009, saúda todos aqueles que lutaram pelos ideais do 25 de Abril e todos aqueles que hoje os promovem e defendem.

<Esta saudação foi aprovada por unanimidade

Proposta sobre o 25 de Abril











A Assembleia Municipal do Barreiro, reunida a 17 de Abril de 2009, decide realizar uma Sessão Extraordinária Comemorativa do dia 25 de Abril de 1974, a realizar no dia 25 de Abril de 2009.


Esta proposta, apresentada pelo Bloco de Esquerda, foi rejeitada com os votos da CDU. Votaram a favor o BE e o PS. Absteve-se o PSD.

Nós também nos abstemos de comentários. É como o outro que diz: "Palavras para quê...é um partido português". De qualquer modo daqui enviamos os nossos cumprimentos democráticos aos auto-eleitos donos do 25 de Abril.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Uma questão muito simples


Indubitavelmente uma das teses que levaram Obama à vitória foi a sua firme oposição à política belicista da administração Bush. Se não tivermos a memória curta lembraremos ainda as ferozes intenções dos neo-cons que levaram a um cozinhado de falsidades tendentes a proporcionar não só a invasão do Iraque, como pretendendo ainda obter uma monstruosa autorização para declarar “guerras preventivas”, em qualquer ponto do mundo, bastando para tanto que o Império sonhasse haver nesses países armas de destruição massiva ou ideias que não agradassem aos ditadores, em potência, do mundo dito democrático. Recordemos, também, que um dos principais actos da invenção da guerra se passou nos Açores, com o apoio basbaque e oportunista de Durão Barroso, ali catapultado para a Presidência da Comissão Europeia, com o concomitante abandono do governo da República nos braços, linfáticos e tragicómicos, do menino-guerreiro.

O repúdio dos povos do mundo obstou, de certo modo, ao avanço rápido que se pretendia de tais idiotices e, a ganância levada à solta dos próceres desta sociedade agónica, precipitou a anunciada queda deste iníquo sistema. Obama veio a tempo, com o discurso certo, com a dose de esperança suficiente para iluminar um novo caminho. No entanto, como muitos analistas já salientaram, os neoconservadores liberais não entregaram ainda os pontos. É que, apesar da catástrofe em que precipitaram o mundo, ainda têm muitos e largos interesses a defender e bastantes aliados ocultos em florestas de boas intenções. O seu descaramento é crónico e total, apenas comparável à ambição e desprezo, sem limites, pelos outros. Veja-se de passagem o desplante com que gestores de grandes empresas em risco de falência foram pedir, a Obama e ao Congresso, fundos para salvar as empresas, deslocando-se em jactos particulares; como muitos dos milhões investidos foram, prontamente, desviados para pagamentos pessoais e interesses individuais, contrários ao desenvolvimento harmónico dessas mesmas empresas em regime de forte descapitalização.

Aguardava-se que o percurso de Obama não fosse simples e esperávamos que muitos alçapões se abrissem no seu caminho. Em nome da esperança do mundo confiamos que ele os distinga e os ultrapassasse. De facto, na maioria dos casos, não nos tem desiludido. No entanto, sabíamos que a questão da guerra seria o mais difícil teste por que teria de passar. As suas declarações foram no sentido de terminar a Guerra do Iraque, tornada incomportável em termos económicos e sociais, e investir mais força no Afeganistão, guerra que, dada a sua origem e forma de declaração, assume um carácter menos pernicioso para a maior parte das opiniões públicas. Assim, anunciou a retirada gradual do Iraque – numa pequena e primeira cedência ao programa enunciado – e declarou o reforço às tropas do Afeganistão. De facto, fez retirar doze mil soldados do Iraque, e mandou já dezassete mil para o Afeganistão. Feitas as contas, em vez de diminuir o esforço de guerra está, nitidamente, a aumentá-lo. Este caminho poderá mete-lo num beco sem saída, sobretudo se continuar com a intenção de “vencer a guerra no Afeganistão”. Esta é uma miragem perigosa, remanescente do pensamento bélico neo-com, assente numa ideologia de justiça vingativa sobre os acontecimentos do onze de Setembro. Se ninguém com um ínfimo de sentimentos pode deixar de recusar a condenação para quem delineou e executou tão míseros atentados, penso ter chegado o momento de proceder a uma reflexão mais profunda sobre as razões da guerra e da sua manutenção.

Com o ataque às torres gémeas saltou para o mundo o nome de Ben Laden. Até aí seria um perfeito desconhecido para a maior parte dos viventes. A partir dessa acção o seu nome passou a ser sinónimo de arqui-inimigo da humanidade. Entende-se a comoção e, até se percebe que estando ele no Afeganistão, sob a protecção declarada do regime talibã, fossem os mesmos, ao recusar a sua entrega, atacados pela potência ofendida. O mundo percebeu estas razões - ao contrário do que viria a acontecer no Iraque - apoiou e acompanhou activamente o esforço de guerra, quer na economia, quer no próprio teatro de operações. Os anos passaram! Não se capturou Ben Laden. A vitória militar conseguida então está, muito rapidamente, a transformar-se não só numa derrota local, como a assombrar o mundo com o risco de que o Paquistão, potência nuclear, entre em rota de dilaceração social, deixando nas mãos de párias e aventureiros uma verdadeira força nuclear. É um risco demasiado grande para ser corrido.

No entanto, ninguém ainda explicou a Obama uma questão muito simples: não se ganha militarmente uma luta de guerrilhas, muito menos num terreno como o do Afeganistão. Pela simples razão de que eles estão lá, são a população ou pelo menos uma boa parte dela. Os outros deslocam-se para lá com todos os custos sociais, pessoais, emocionais e económicos que tal comporta. Além disso, os americanos aprenderam-no certamente no Iraque, nenhum ocupante é percebido como libertador. Será sempre, por melhor que sejam as suas intenções, unicamente um opressor. A América deveria recordar-se do Vietname, do Afeganistão da ainda União Soviética, das guerras coloniais portuguesas. As armas apenas podem conceder um tempo para se prepararem soluções políticas. Nada mais! Se Obama insistir em ganhar uma guerra que nunca poderá ganhar perderá, não só a guerra, como as esperanças depositadas nele e no seu mandato. Terá que perceber que o seu interesse e o das nações não é compatível com o do lóbi industrial-militar dominante no seu país e que não é lícito impor formas de vida e valores sociais ou religiosos - porque os consideramos superiores, melhores ou mais evoluídos - a ninguém. Cada nação deverá viver com os seus valores e com os valores que, induzidos embora, venha a aceitar como bons para, voluntariamente, incorporar na sua vivência. A democracia servida na ponta das armas é pura ditadura cultural. Nunca levará a mais nada do que à revolta daqueles que, presumivelmente, pretenderia libertar.

É finalmente uma questão muito simples, mas essencial, a que se põe de imediato a Obama sendo definidora de todo o seu mandato. Ou pretende vencer militarmente a guerra e está, de antemão e a prazo, condenado ao fracasso interno e externo, ou entende que os povos devem viver e evoluir dentro das suas culturas próprias e em livre intercâmbio e integração com as outras culturas, podendo marcar o início de uma nova era, ideológica e económica, para todo o mundo, evitando os armagedões que se acumulam no horizonte. É uma tarefa hercúlea mas absolutamente necessária para não nos tornarmos, também, uma espécie em vias de extinção.



Carlos Alberto Correia

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Plano de apoio ao sector automóvel (PASA), despedir ou valorizar os trabalhadores?


O Plano de apoio ao sector automóvel (PASA) tem algumas condicionantes para as empresas que se candidatam, nomeadamente demonstrarem viabilidade económica e não efectuarem despedimentos colectivos, durante a vigência do programa e após o seu término em período equivalente ao de duração do programa.


A Faurecia candidatou-se ao programa, viu a sua candidatura aprovada, após ter solicitado a respectiva acreditação, não só para desenvolver formações de âmbito interno, mas também recorrendo a empresas certificadas para ministrar formações em articulação com o instituto do emprego e formação profissional (IEFP) , em áreas com alguma relevância para os trabalhadores desta empresa.


Quem todos os dias está na empresa, como a Comissão de Trabalhadores (CT) que negociou com a Direcção da empresa este tipo de alternativa a outras medidas mais penalizadoras para os trabalhadores, verifica que o corrupio existente entre trabalhadores e formadores dentro da fábrica, e a dinâmica criada para que estes trabalhadores tivessem acesso a estas formações, as quais lhe proporcionarão mais e melhores capacidades qualitativas, seja de formação profissional ou de formação pessoal, porque também o programa novas oportunidades tem funcionando nesta empresa, obviamente tem de se sentir satisfeito com as negociações que decorreram, entre a Direcção da empresa e CT, porque tudo está a funcionar como previsto.


Se considerarmos que estas formações decorrem em horário normal de trabalho, até parece que estamos perante um normal funcionamento da empresa, mas não, não é assim! Enquanto estes trabalhadores estão em formação parte da empresa não está a laborar, ou seja, a vender o resultado da sua produção, que em circunstância normal estaria a fazer, que seria fornecer os seus clientes os quais se encontram com paragens nas suas produções.


Assim esta acção tem, não só, como objectivo a valorização profissional dos trabalhadores, mas também criar uma empresa dotada de meios humanos, o mais qualificado e competitivo possível, que é também, no nosso entender, um factor determinante para enfrentar a crise instalada neste sector.


Na conjuntura actual, têm e devem os representantes dos trabalhadores de procurar defender afincadamente, não só a manutenção do emprego, mas a valorização dos trabalhadores que defendem, exigindo a maior e melhor formação para todos.


Servem estas medidas para verificar, também, qual é o estado das empresas e o diálogo social a que se dispõem prestar junto dos seus trabalhadores. Devem as empresas que recorram a despedimentos e ao lay off serem alvo de investigação, se realmente existem motivos para o fazerem, porque são os trabalhadores os mais penalizados.


Assim, estranhamos que em todo o parque industrial da Autoeuropa, apenas a Faurecia esteja, até ao momento, ao abrigo deste plano.


Será mau prenúncio comparativamente com as restantes empresas? Esperamos que não!



Daniel Bernardino
Coordenador da Comissão de Trabalhadores da Faurecia
Parque Industrial Autoeuropa

domingo, 12 de abril de 2009

Os trabalhadores estudantes e o novo Código de Trabalho



Na conjuntura actual, com um Governo que apregoa apostar na qualificação dos portugueses, os trabalhadores estudantes deparam-se cada vez mais com dificuldades na interacção com o meio escolar, havendo retrocessos nos seus direitos e regalias. Falo dos trabalhadores estudantes e das alterações que o novo código de trabalho lhes veio proporcionar.


A anterior legislação, permitia ao trabalhador estudante não estar sujeito à frequência de um número mínimo a uma disciplina de determinado curso. O trabalhador estudante não estava sujeito a qualquer disposição legal que fizesse depender o seu aproveitamento escolar da frequência de um número mínimo de aulas por disciplina, e não estava sujeito a limitações quanto ao número de exames a realizar na época de recurso. Tudo isto acabou com a entrada em vigor da nova legislação laboral, em prol de uma maior liberdade às instituições escolares, para decidirem autonomamente. Mas, aquilo a que assistimos é precisamente optarem pela vertente mais difícil para o trabalhador estudante não lhes criando as melhores condições, condicionando-os na sua forma de frequentarem os estabelecimentos de ensino.


Os estabelecimentos de ensino que regulavam os horários pós-laborais, os quais deviam assegurar que, exames e as provas de avaliação, bem como os serviços mínimos de apoio ao trabalhador estudante, decorressem na medida do possível dentro do horário escolar, também já não funciona em várias escolas e faculdades.


São impostas regras que fazem os trabalhadores estudantes realizar avaliações, exames, fora dos seus horários escolares semanais, incluído o fim-de-semana. São impostas limitações quanto à frequência de um número mínimos de aulas, por alguns professores, em algumas unidades curriculares, podendo, os alunos trabalhadores estudantes, ser excluídos de um sistema de avaliação contínua, se não cumprirem com a assiduidade exigida, sendo remetidos para exames. São estas metas definidas pelos professores contra o protesto destes trabalhadores estudantes.


Se avaliáramos o ensino superior, quanto ao processo de Bolonha, por se tratar de uma forma mais exigente, para professores e alunos, havendo um compactar de matéria dada aos estudantes, de uma forma quase de "enfardar", julgo não estarem a ser criadas as melhores condições para os trabalhadores estudantes. Retirar-lhes direitos, quando se pretendem criar mais-valias, em diferentes gerações, que abandonaram o sistema ensino, pelas mais diversas razões, e depois quando decidiram voltar, por acharem que têm uma "nova oportunidade", serem confrontados com estas dificuldades pode levar a que sejam excluídos, não pela sua própria vontade, mas pelas dificuldades encontradas para conseguirem gerir e conciliar o tempo entre escola e trabalho.


Os trabalhadores estudantes são, na maioria dos casos, pessoas com responsabilidades familiares, com responsabilidades profissionais nas empresas onde trabalham, logo têm uma enorme força de vontade em se qualificarem mais. Por isso estes trabalhadores deveriam ter na sua enorme vontade de vencer uma maior atenção por parte do nosso Governo, algo que o novo código de trabalho não faz, quando se pretende apostar numa maior qualificação dos Portugueses considero ser inadequado face à nossa realidade.



Daniel Bernardino

sexta-feira, 10 de abril de 2009

O erro (de) Vital



O PS de Sócrates tem pela frente, a nível nacional, um problema muito complexo. Mal comparadas as coisas é como o mistério da Santíssima Trindade. O três que é um! Só que aqui o Pai, o Filho e o Espírito Santo que encarnam um só Deus, é substituído pelas eleições europeias, legislativas e autárquicas, que sendo três, só uma transparecem. Isto porque por mais que a direcção do PS queira, por motivos de crise e feição de governar, elas se tornam todas em uma única e continuada forma de avaliação do governo. Não é má ironia para quem tanto defende as avaliações a qualquer preço. Como diz o outro, pela boca morre o peixe e, desta forma, um problema político pode transforma-se numa peroração teológica.


Apertado, agora, pela sua colagem ante-crise ao neoliberalismo, vê-se Sócrates na obrigação de contrapor, à efectiva prática de direita, um discurso de esquerda. Choca –se, no entanto, com a constatação diária das malfeitorias perpretadas contra as classes médias nacionais, com os apoios desmedidos ao capital e com a tremenda alergia a legislar contra a corrupção e o enriquecimento ilícito. Sabe Deus porquê!

Para tornar mais credível a vã retórica esquerdizante, também para tentar separar as eleições europeias das legislativas, procurou um cabeça de lista, parecido independente, que apresentasse algumas credenciais de esquerda. Na limitada visão do mundo em que circula ninguém lhe pareceu mais adequado que o constitucionalista Vital Moreira. E sê-lo-ia não fora o caso deste insigne Doutor ter, de há muito, iniciado um desvio de direita por colagem excessiva ao Governo Sócrates, em tudo quanto é texto publicado e posição assumida. Que o senhor tem todo o direito de escolher as companhias que prefere é coisa que não se discute. Já a sua representação do real cabe inteiramente na nossa crítica e avaliação. O que vem ressaltando dos seus posicionamentos é um comportamento de barata entontecida na tentativa de se colar na órbita de um governo absolutamente desorbitado. Do Vital Moreira atentamente escutado por tudo quanto de esquerda se assumia, já nada resta e por tal, esta escolha revela-se um erro Vital para o PS.

Mas também é um erro Vital de Moreira.

De tal forma isto é assim que, na esteira de uma intervenção de Mário Soares, criticando o apoio do PS a Durão Barroso para a reeleição ao parlamento Europeu, logo Vital Moreira, vem a terreiro defender que os Partidos Socialista Europeus deveriam apoiar um candidato próprio. Elementar meu caro Watson, dirá qualquer pessoa. Pensou-o e disse-o Moreira. Só que não compreendeu que o PS de Sócrates circula nas mesmas linhas de pensamento político do trânsfuga Durão “malgré lui”. Como muito bem tem sido apontado ele é o único que resta da fotografia dos Açores. Todos os outros foram já corridos da área do poder marcados que estão pela guerra e pela crise. O erro deste PS é não perceber que quem patrocinou tão fortemente a política Bush, por mais golpes de rins que dê, não poderá oferecer confiança a quem apoia o seu inverso, isto é, a visão Obama do mundo.

Entalado entre as suas contradições Sócrates tem de vir reafirmar o apoio “patriótico” a Barroso acelerando os movimentos paroxísticos da barata que já não sabe se há-de fingir de morta, levantar voo e partir, acabando, no entanto, para maior descrédito, por dar o dito por não dito. Mais um erro de Vital Moreira, obrigado a “explicar” que o que disse sobre apoio a um candidato próprio queria dizer o contrário daquilo que disse. Estão a ver a embrulhada? O descrédito e a gargalhada? Pois é assim mesmo que vai a candidatura independente às europeias com a imagem inquieta de um candidato tão dependente que terá sempre, antes de falar, que ir ouvir o que há-de dizer ou, caso tal as pressas não permitam, trazer no bolso o seu discurso e o contrário.

Enfim, servidões de quem serve o poder.

Se olharmos para as autárquicas, mesmo não havendo nelas, um erro Vital, também, para mal dos resultados PS, a maldição do Governo vai estar patente e com efeitos perceptíveis. Se em condições normais o PS tem nestas eleições uma forte pressão PSD, este ano ela será mais forte e acrescentada pela erosão, na sua franja esquerda, causada pelo efeitos desastrosos da política governamental nas condições de vida das populações. A perda de poder de compra, de condições de saúde, habitação e reformas e os ataques destemperados aos professores, entre muitas outras coisas, criaram um sedimento de má vontade eleitoral, mesmo dentro do partido. Não sei como poderá Sócrates ultrapassar o inferno que criou, mas creio bem, para melhoria de todos nós, que ele irá sair muito chamuscado nestas eleições.
Assim o creio e assim, firmemente, o espero.


Carlos Alberto Correia

quinta-feira, 9 de abril de 2009

A Falta de Democracia e de vergonha




Surge este meu comentário a propósito do publicado no boletim da secção do PCP do Alto do Seixalinho.


Perdão! da Junta de Freguesia.


Peço desculpa por este meu lapso, mas é que é tão difícil distinguir uma coisa da outra que por vezes leva a estas confusões.


É que ao ler o boletim de Março, não pude deixar de reparar em três notícias que me induziram à dita confusão.


Duas delas são, “Dia Internacional da Mulher” e “ Câmara e junta visitaram a freguesia”. Trata-se de duas notícias típicas de figurarem num boletim da secção do PCP do Alto Seixalinho, os intervenientes são só os do partido a quem, para o quadro estar completo só falta a bandeira ao ombro.


Convêm aqui deixar claro, e após a ironia expressa no parágrafo anterior, que, em acções idênticas às mencionadas foi norma o convite à oposição para participar nas mesmas. Convite que sempre aceitei, participando nelas na qualidade de membro da Assembleia de Freguesia eleito pelo Bloco de Esquerda. No entanto, este ano a oposição não foi convidada. Pelo menos o Bloco de Esquerda não foi. Será que não querem dar visibilidade à oposição?


Agora se percebe, que quando questionado com a possibilidade da oposição ter acesso a escrever no Boletim da Junta, a resposta tenha sido “Se a oposição quer propaganda, que a pague”.


Perante isto, será legitimo perguntar quanto é que a CDU está a pagar à junta pela propaganda que apresenta no dito Boletim.


A outra questão é ainda mais grave e tem a ver com o apresentado na página sobre o trabalho exterior, obras a decorrer na freguesia. Trata-se de uma foto de obras exteriores do prédio construído na av. do Bocage, cruzamento do hospital e meus amigos não lembra ao diabo! ou será que lembra? estar a apresentar à população uma obra como sua mas que afinal é suportada por particulares. Isto é o que eu chamo estar a fazer propaganda à conta do dinheiro e obra dos outros e ainda por cima sem autorização dos mesmos utilizando um meio de comunicação que deveria ser de todos os Fregueses.


Atenção meus senhores, pelos vistos continuamos a ter seguidores e praticantes da velha máxima de que na politica vale tudo. Uma das certezas que o Bloco de Esquerda tem deixado claro ao povo Português, através da sua prática diária, é que isso não é uma palavra de ordem sua, pelo que a mim, enquanto membro da Assembleia de Freguesia do Alto do Seixalinho não posso deixar passar em claro tal comportamento, recomendando mesmo para esta situação que seja seguida a máxima romana de “a Brasinha o que é pago pelo Brasinha”.


Deitar areia para os olhos dos leitores, do “órgão central”, que acreditam piamente nas “verdades” que lhes apresentam é com cada um, agora deitar da mesma areia para os olhos da população, acredito que não venha a ser tão fácil.



Manuel Sabino
Membro da Assembleia de Freguesia do Alto do Seixalinho pelo Bloco de Esquerda

quinta-feira, 2 de abril de 2009

O voo do milhafre



No verão, quando o calor tórrido do Alentejo amodorra corpos e almas, no cimo do céu, pairando com olhar penetrante, o milhafre observa a terra em baixo. Perscruta qualquer movimento. Quando o detecta, fecha as asas e, como bólide, cai sobre o alvo. É assim que a proliferação de roedores é mantida em níveis aceitáveis. Sem a vigilância destas aves, os cereais seriam destruídos e a fome espalhar-se-ia pela terra. Também, na sociedade, hoje é necessário que os milhafres voem e destruam os roazes minadores do campo do poder, ameaçadores de destruição de tudo quanto são valores e ética, substituídos pelo xico-espertimo mais soez.

Cá vai este voo do meu milhafre!

1 – O nosso primeiro-ministro bem podia empandeirar alguns dos seus amigos, ou sequazes, ou seguidores. A sua companhia não lhe faz lá muito bem e potenciam os mais negativos traços da sua personalidade. Mal tapados ainda, num limbo de não esclarecimento, casos como os do diploma, das casas e do relatório sobre educação, surgem agora notícias alarmantes de pressões sobre o Ministério Público para proceder ao arquivamento do processo Freeport. Se alguma coisa pudesse prejudicar ainda mais o perfil de José Sócrates, seria juntar mais um “arquivanço” - e em caso de tamanha importância – às conspícuas ocultações já acontecidas nos casos acima lembrados. Amigo que queira favorecer o seu senhor de tal maneira, presta-lhe um muito mau serviço, contribuindo apenas para aumentar o lamaçal das coisas por esclarecer. Vale a pena relembrar o rifão “com amigos destes não precisa de inimigos”.

Se alguma coisa pode sair de são neste negócio malcheiroso é o apuramento objectivo da verdade dos acontecimentos. Sócrates só poderá livrar-se de mais este labéu de desconfiança, vindo a terreiro desautorizar tais amigos, exigindo o aprofundamento e esclarecimento pleno da ocorrência e do papel de cada autor no desenvolvimento desta tragicomédia. Caso contrário a imagem do primeiro-ministro ficará indelevelmente manchada pela desconfiança, com resultados possivelmente calamitosos na sua carreira política e, para o PS, no desfecho das próximas eleições.

2 – O Bispo de Viseu está em rota de colisão com a sua hierarquia, desde o colégio de bispos até à Santa Sé. Primeiro foi a correcção pertinente que ousou fazer às tristes palavras de Bento XVI quando, nos Camarões, teve a infeliz ideia de perorar sobre o preservativo e a Sida. Sempre me espantou como é que um grupo de assumidos celibatários constantemente se achou com conhecimentos e direito de opinar, de cátedra, em relação a coisas que, presumivelmente, não têm qualquer experiência: sexo e família. Fico sempre com a sensação de que ou são fala-barato ou nos andam a enganar há muito tempo. De qualquer modo, tendo em conta declarações do sibilante cardeal da congregação dos santos, Saraiva Martins, a rolha já foi imposta, a toda a igreja, com um autoritário “chega de pareceres”. Lá me vem à memória, não sei porquê, com um cheirinho a fogueiras, Giordano Bruno e Galileo.
É melhor deixar que os africanos morram com sida que controverter os dizeres papais. Pois que representa a morte de alguns milhares de desconhecidos contra a defesa intransigente da doutrina do papa que, como sabemos, em matéria de fé faz lei e nunca se engana.

Nem com Darwin!

No entanto o Bispo que se precate. A juntar à heresia da camisinha arriscou-se a defender o divórcio em caso de violência doméstica. Tem a minha admiração mas penso que não lhe vai servir de nada face ao ostracismo a que está a sujeitar-se. Nestas coisas a igreja é mais madrasta do que mãe e exige o cego princípio da obediência em qualquer situação e contra qualquer racionalidade.

3 – O que poderia ser surpreendente, mas infelizmente já não é tal, é a nomeação para uma empresa intermunicipal, de um senhor Domingos Névoa, conhecido gestor da Bragaparques, condenado por tentativa de corrupção do Vereador Sá Fernandes. É o regime de fartar vilanagem. Tudo é permitido desde que traga enriquecimento, mesmo que sem fímbria de honestidade. Fala-nos da sua aceitação a pequena multa a que foi sujeito e a falta de moral que é esta escolha. Não há nos negócios gente decente? É evidente que há, mas são preteridos e trocados por pessoas sem ética, sabe-se lá porquê. Por mais voltas que dê ao bestunto não consigo vislumbrar a razão de tais coisas e escolhas. E da lembradura saltam-me outros interessantes personagens, tais Ferreira Torres, agraciado com uma absolvição por falta de provas, Fátima Felgueiras, festejando uma condenação menor face às prevaricações e Isaltino Morais a tripudiar com o tribunal, do alto da sua suficiência, considerando que as acções ilegais praticadas não têm importância nenhuma porque a maioria as comete. Boa moral, senhor de Morais. Nem sequer é capaz de pensar que a ilegalidade é ainda mais censurável em quem ocupa lugares públicos. Mas não faz mal, o povo gosta e, para o sabermos basta verificar que se estes abencerragens concorrerem a eleições serão sem dúvida – e já foram – premiados com vitória certa. Se estivéssemos no Reino da Dinamarca diria que, entre nós, alguma coisa vai podre.


Carlos Alberto Correia